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28 de abril de 2010

Conheça o EAS e saiba como concorrer a vaga

O Estaleiro Atlântico Sul foi fundado em novembro de 2005 e está localizado no município de Ipojuca-PE. Com acionistas brasileiros e tecnologia sul-coreana, a empresa é a maior do Hemisfério Sul no segmento construção naval. Atualmente 3700 funcionários produzem navios cargueiros e plataformas petrolíferas. Os principais clientes do EAS atualmente são a Petrobrás e sua subsidiária Transpetro.

Quem se interessar em trabalhar no EAS deve entrar em contato com a coordenação de recursos humanos da empresa através do telefone 81 3311-7607, com Márcia, ou do e-mail marcia.marques@estaleiroatlanticosul.com.br. No site do estaleiro http://www.estaleiroatlanticosul.com.br há uma área com informações para os interessados nas cem vagas que ainda estão abertas.

O candidato deverá ter experiência comprovada em solda na indústria naval ou petrolífera. O trabalhador passará por um período de experiência por três meses para ser contratado pela empresa. O Estaleiro Atlântico Sul promete plano de carreira e possibilidade de crescimento na profissão para quem se destacar no serviço. Em tempos de crise no Japão, uma oferta de trabalho como esta pode significar o início de um novo fluxo migratório para os trabalhadores dekasseguis.

Reportagem publicada no Jornal Nippo-Brasil em 2010

Trabalhar é fácil. Difícil é a saudade da família

Com dezoito anos de Japão e quinze de experiência no trabalho com solda, Flávio Date se adaptou facilmente ao trabalho no Estaleiro Atlântico Sul. Difícil para ele é ter de aguentar a saudade da família que ficou em São José dos Campos-SP e se readaptar a vida no Brasil após tanto tempo longe.

Com muitos anos de Japão, até a noção do dinheiro brasileiro ele havia perdido. “Na época que eu saí do Brasil o Collor era o presidente e a moeda era o Cruzeiro. A gente fica muito perdido quando volta”, conta Date. Ele havia voltado há quatro meses e estava ainda em fase de adaptação, quando soube da oportunidade no Nordeste. “Soube através de um primo que está no Japão”, explica o ex-dekassegui.

A esposa Cristina Date e os filhos Fernando (9 anos) e Victor (5 anos) ficaram em São José dos Campos. Flávio espera logo trazer a família para o Nordeste. “Voltar do serviço e encontrar a casa vazia é sufocante para mim. Sei que meus filhos estão bem com a mãe, mas estão longe dos meus olhos e isso é ruim”, afirma o soldador.

Apesar de ainda estar se adaptando a vida no Brasil, Date se surpreendeu positivamente com o povo de Ipojuca. “Aqui o pessoal é muito caloroso. Você precisa de uma informação e vem dez pessoas para te ajudar”, diz o ex-dekassegui. Ele espera continuar por muito tempo na cidade. Japão? “Primeiro quero construir as coisas por aqui, trazer a família. Quem sabe nas férias”, diz Date.

No trabalho ele vai muito bem. Com o status de “mestre da solda”, ele acabou se tornando líder no Estaleiro Atlântico Sul. Date atribui o sucesso a toda experiência que teve no Japão. “É um campo com muito trabalho lá. Como tem muitos terremotos, todas as estruturas têm ser reforçadas. Isso faz do país uma força no setor”, explica Date.

Para ele, ter trabalhado no exterior é um diferencial: “Além da própria prática como soldador, a gente traz do Japão um conhecimento sobre tecnologia e muita experiência de vida. Sem tudo isso, com certeza eu não estaria aqui”, afirma o soldador. Da experiência internacional, ele trouxe também o conhecimento avançado do idioma japonês e a disciplina oriental de trabalho que o fez crescer profissionalmente no Brasil. Agora só falta a família por perto.

Reportagem escrita para o jornal Nippo-Brasil em 2010

Mulher, soldadora, mãe e líder de setor

Se aventurar a trabalhar em um lugar longe de casa não é novidade na vida de Manuela Barão. Natural de Bragança Paulista-SP, ela estava morando há seis anos no Japão quando apareceu a oportunidade de trabalho em Pernambuco. Ela e o marido Paulo Bernardes (o casal se conheceu no Japão) estão há dois meses no Estaleiro Atlântico Sul. Para Manuela, o desafio de agora é bem mais fácil do que o enfrentado seis anos atrás.

Na época em que foi para o Japão, Manuela havia acabado de se separar do primeiro marido. Os filhos Thomás e Guilherme, na época com 5 e 4 anos, frutos do casamento terminado, foram junto com ela. Manuela começou a trabalhar com solda para sustentar as crianças. Porém, teve que enfrentar o machismo em uma função dominada por homens. Muitos colegas japoneses achavam que ela não iria aguentar o pesado serviço.

Com a ajuda de Bernardes e motivada pelo salário de 2400 ienes por hora, Manuela superou o trabalho pesado e o preconceito de quem não acreditava nela. O resultado foi compensatório. A larga experiência em soldagem no Japão rendeu não só o emprego como também o cargo de líder no EAS. Esta chance de crescimento profissional fez com que Manuela saísse direto do Japão para Pernambuco. “Lá quem é estrangeiro tem muitos deveres e poucos direitos”, afirma Manuela.

Os filhos também pesaram na decisão da volta. “Ganhava bem lá, mas pensei em vários fatores. No Brasil eles poderão crescer melhor. Vir para cá foi melhor para toda a família”, diz Manuela. Ela pensar em retornar para o oriente, mas só a passeio. “Tenho um carinho especial pelo Japão, mas aqui é meu país e tenho de aproveitar que tudo está dando certo para mim”, fala Manuela.

Ela admite que chegou a ficar medo de ser discriminada no estaleiro por ser mulher, mas logo viu que no Brasil a situação é diferente. “Eu estava receosa com machismo porque vinha para um estado que não conhecia, mas vi que foi a toa. Sou muito respeitada por aqui. Neste quesito o Brasil está cem anos a frente do Japão”, conta Manuela.

Ela nunca havia ido ao Nordeste do Brasil e está se adaptando a alguns detalhes da região. “A forma de falar é diferente. Outro dia fui ao restaurante e ofereceram macaxeira e galeto. Demorei para entender o que era”, fala Manuela. Ela diz que a família está adorando o local e a adaptação é apenas questão de tempo. Afinal para quem teve que morar no Japão sem falar japonês o sotaque do Nordeste é algo fácil de se adaptar.

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

Empresa busca soldadores dekasseguis para trabalho em estaleiro no Nordeste

Brasileiros têm oportunidade de trabalho devido a experiência adquirida no Japão 

Vinte anos após o início do movimento dekassegui, o fluxo migratório começa a se inverter. A falta de soldadores no Brasil e a demanda de serviço proporcionada por pedidos da Petrobrás fez o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) abrir vagas para a contratação de trabalhadores que tenham experiência em soldagem no Japão. O EAS fica no porto de Suape em Ipojuca-PE, município a 60 quilômetros de Recife. Das duzentas vagas abertas em dezembro, cem foram preenchidas até o momento.

A busca por mão de obra especializada do Japão começou no ano passado após alguns dekasseguis procurarem vagas no site da empresa. “Entraram em contato dizendo que muito se comentava na comunidade brasileira no Japão sobre a construção de um grande estaleiro. Neste sentido, a comunicação informal nos ajudou muito”, diz Ítalo. Com a contratação e a aprovação do trabalho dos primeiros soldadores, o EAS decidiu abrir mais vagas para dekasseguis.

O nível técnico dos soldadores vindos da terra do sol nascente foi decisivo para a contratação em larga escala de dekasseguis. A tradição do Japão na construção naval também colaborou para a abertura de vagas. “Eles trazem um conhecimento acumulado na função. O perfil deles se encaixa perfeitamente ao nível de soldador que estamos procurando”, afirma Ítalo. Ele conta que a disciplina e a experiência da rotina de trabalho na fábrica contaram pontos para os brasileiros que estavam no Japão.

Ítalo destaca que a oportunidade emprego atrai os dekasseguis que desejam voltar para o Brasil em busca de melhor qualidade de vida. “Muitos sonhavam em voltar ao Brasil, pois trabalhadores de outros países são tratados como cidadão de segunda classe no Japão e agora têm a oportunidade”, afirma o assessor de comunicação. 

A média de idade dos dekasseguis contratados é de 40 anos. A maioria é de São Paulo e do Paraná, estados bem distantes do Nordeste brasileiro. Por isso, para a maioria dos contratados é a primeira vez que eles conhecem o porto de Suape. A média de tempo que ficaram no Japão é de 20 anos e todos têm forte experiência com solda em indústria naval.

Os brasileiros contratados no Japão se juntarão aos 3700 funcionários que trabalham em Ipojuca. A contratação será por período definitivo e os trabalhadores vão ter um plano de carreira e possibilidade de crescimento na empresa. Eles também vão ter direito a benefícios trabalhistas brasileiros, como férias e 13° salário.

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

Tatuagens Steampunk: a transformação do homem em máquina

A transformação da pele humana em máquina com uma tatuagem que se funde ao corpo. Tudo isso lembrando o futuro maravilhoso escrito por Júlio Verne há mais de 100 anos. Este é o estilo das tatuagens com arte baseada no Steampunk, movimento de ficção científica inspirado na literatura da era Vitoriana e que ganhou fama no final dos anos 80.

As tatuagens Steampunk sempre lembram o futuro e o passado. Na verdade lembra a forma que artistas do século XIX imaginavam o futuro. O resultado disto é uma arte quase surreal para quem vive na era contemporânea. As tatuagens são tão belas que se tem a impressão que realmente algumas partes do corpo estão passando por uma metamorfose.

Vale lembrar que toda esta “transformação” do homem em máquina é feita de uma forma natural. Como o movimento Steampunk é baseado em ficção científica de antes de 1900, as tatuagens não têm nenhum elemento eletrônico. Esqueçam os chips de computador. O máximo de tecnologia utilizada são elegantes relógio e engrenagens. Estes itens torna o estilo das tatuagens mais elegantes ainda.

Asas também são extremamente usadas nas tatuagens do gênero. Obviamente, o modelo de asas Steampunk não é o tradicional. As asas que se fundem ao corpo não transformam a pessoa que usa a tatuagem em um anjo e sim em um charmoso construto. Tal como nos sonhos futuristas de Verne e todos os poetas que deram inspiração ao movimento Steampunk.


Conheça o movimento Steampunk

Movido a todo vapor. Esta é a melhor definição de como caminha o movimento Steampunk. O movimento é um subgênero de ficção científica que aborda como era imaginado o futuro no final do Século XIX. Liderados pelo poeta francês Júlio Verne, a literatura científica da época descrevia carros, aviões e maravilhosas máquinas a vapor.

Apesar das previsões da época não terem sidos transformados em realidade, o Steampunk se transformou em um estilo. A moda Steampunk influenciou livros, filmes (como Van Helsing), músicas (como Nine Inch Nails), mangás e animes (como Full Metal Alchemist). O estilo de vestimenta se caracteriza com o uso de chapeis, espartilhos e outras roupas que eram usadas na era vitoriana.

O movimento está intimamente ligado ao RPG (Role Play Game) e está cada vez mais organizado. No Brasil existe inclusive um conselho Steampunk, que foi criado com o intuído de democratizar e divulgar o movimento no país. Esta é a prova do crescimento do estilo que consegue olhar para o passado com uma visão totalmente futurista da nossa existência.

Texto escrito para o blog Obvious em 2010

Moradores do bairro Santana buscam alternativas para manter projetos em vigência

Para conseguir dar andamento aos projetos voltados à cidadania no Bairro Santana, membros da associação de moradores se reuniram no último dia 31 de março na sede da associação. A reunião decidiu que será feito um almoço no Dia das Mães para conseguir fundos para os projetos.

Também estava presente na reunião a representante da FIEP Adriana Carvalho Kurovski. O órgão vai auxiliar na organização do almoço do Dia das Mães. “Ao contrário de 2008, quando fizemos toda a organização do projeto, vamos apenas auxiliar. Levantar fundos será algo que podemos ajudar”, fala Adriana.

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Santana, Paulo Sérgio dos Santos, diz que organizar festas para arrecadação de fundos é mais vantajoso do que pedir dinheiro aos órgãos públicos. “Optamos por fazer isso em vez de ficar pedindo dinheiro diretamente aos órgãos públicos e à iniciativa privada”, diz Santos.

A festa do dia 9 de maio deverá ter a presença de 300 pessoas. Além do almoço, acontecerão oficinas de recreação e um bingo beneficente. Toda a verba do bingo será revertida para o projeto Cidadão do Futuro, que organiza aulas de Taekwondo, Futsal e mantém uma fanfarra para as crianças do Santana.

No dia 14 de março acontecerá mais uma reunião que deverá reunir novamente membros da Associação de Moradores do Bairro Santana e da FIEP, além da comunidade do bairro. A reunião vai começar a organizar os preparativos da festa do dia 9 de maio.

“Vamos ver quem vai nos apoiar e fazer uma distribuição dos convites, além de outros detalhes”, conta Santos. Quem quiser ajudar nos preparativos para o Dia das Mães pode entrar em contato com a Associação de Moradores do Bairro Santana. O telefone é (42) 91156122 e o e-mail é paulossantos-pg@hotmail.com.

Reportagem escrita para o Portal Comunitário em 2010

Má sinalização oferece risco aos pedestres

Atravessar a Avenida Bonifácio Vilela, próxima ao Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa, é um risco. Em poucos lugares do mundo, passar aqueles quatros metros que  separam as duas faixas oferece tanta emoção ao pedestre. Este problema acontece devido a má sinalização do local e o grande fluxo de veículos que costuma passar no local.

O trânsito ponta-grossense é bem peculiar. Em uma cidade de 300 mil habitantes, existem menos de dez avenidas que têm tráfego duplo. O trecho da Bonifácio Vilela que começa na altura da UEPG Central e vai no sentido Jardim Carvalho é um deles. Esta mudança no trecho é que causa o fluxo mais perigoso ainda.

Para tentar amenizar o risco no local, a Autarquia Municipal de Trânsito colocou quatro semáforos e quatro faixas de segurança no local. Mesmo com tudo isso ainda é perigosíssimo para os pedestres passarem pelo trecho. O semáforo que controla o fluxo de veículos que seguem a rua Penteado de Almeida, ou seja que dobram a Bonifácio Vilela, fica escondido de uma forma na qual o pedestre não consegue ver o trânsito no local. Apenas quem passa diariamente pelo local sabe da existência da sinalização no local.

Outro problema com os semáforos é para quem atravessa a Penteado de Almeida (rua paralela a UEPG) Quem passa por este trecho não consegue enxergar com exatidão quando um veículo irá dobrar a esquina.

O resultado disto tudo é pedestres que atravessam a rua correndo e motoristas impacientes com a demora no tráfego do local. O risco de acidentes é iminente. A última iniciativa da Autarquia para solucionar o problema foi desenhar um quadrilátero amarelo no perigoso trecho. Porém, a situação continua igual no local. Resta saber se alguma coisa será feita quando realmente acontecer um acidente.

Texto escrito para a disciplina de Redação Jornalística III na UEPG em 2010

O início de um espetáculo urbano

A rua vazia em uma cidade que logo vai começar a pegar fogo. Assistir a um início de manhã em Ponta Grossa é fascinante. O trecho próximo a Universidade Estadual de Ponta Grossa costuma estar sempre lotado, mas pela manhã a situação é diferente. Poucas pessoas e muitos carros dão a tônica do local na manhã.

Motoristas apressados oferecem riscos a quem tenta atravessar a rua Bonifácio Vilela. A má sinalização do local só colabora com o aumento dos problemas. É como se fosse um jogo que caça-níquel. O pedestre (ou jogador) precisa esperar as luzes verdes. Um nobre senhor que não parece sentir sentir frio, apesar dos treze graus de temperatura no local, resolve trapacear no jogo dos faróis. Tal como Usain Bolt, ele corre como se estivesse preservando a própria vida e atravessa a rua.

Em um dia frio e nublado como o de hoje até a UEPG parece acordar com sono. A entrada principal do Campus Central da universidade não tem muito movimento. Nenhuma pessoa está sentada nos agradáveis bancos na Praça Santos Andrade, em frente a entrada. Algumas meninas agasalhadas caminham apressadamente em direção a aula de Serviço Social. Provavelmente devem estar atrasadas e com medo de levarem uma reprimenda dos seus professores.

Uma eternidade parece separar o curso de direito e jornalismo. Um corredor que lembra a entrada em um espetáculo é o caminho para quem tem que entrar no mundo acadêmico da Comunicação Social. A simpática senhora que cuida da limpeza faz o seu trabalho. Ela está concentrada no seu serviço e nem liga para os estudantes que passam apressadamente por ela. Alguns mais simpáticos a trazem de volta ao mundo quando a cumprimentam. Ela responde e volta ao seu planeta de baldes, alvejantes e panos.

Apenas uma sala de aula está aberta. A professora Hebe Gonçalves passa seus conhecimentos para os alunos do segundo ano de jornalismo da UEPG. Quase todos alunos parecem estar concentrados (ou com sono) nas palavras da professora. Todos menos um. Um garoto loiro de estatura baixa fala ao celular. Parece que a tecnologia o acordou na fria manhã de quarta-feira. Logo todos estarão acordados e a cidade aí sim vai pegar fogo.

Texto escrito para a disciplina de Redação Jornalística III na UEPG em 2010

A menor banda do mundo

O Pouca Vogal, novo projeto musical de Humberto Gessinger (vocalista do Engenheiros do Hawaí) e Duca Lendecker (vocalista da Cidadão Quem), é um oásis no meio do deserto musical brasileiro da atualidade. Em uma fase que até o rock enfrenta uma crise com a avalanche de banda emos, indies e similares e que o sertanejo domina o cenário musical nacional, são raras as iniciativas de se fazer algo inovador.

Dupla é a pior denominação que o Pouca Vogal pode receber. Afinal desta forma eles poderiam ser comparados com cantores do nível de Victor e Léo ou João Neto e Frederico. Obviamente seria uma comparação desleal para os cantores sertanejos. Com mais de vinte de experiência musical, Gessinger e Lendecker resolveram se atirar em uma aventura musical totalmente nova: criar uma banda com apenas dois integrantes.

Os integrantes da “banda de dois” fazem toda a parte instrumental e vocal do espetáculo. Ou seja, nada de banda de apoio (no máximo alguma participação especial). O Pouca Vogal consegue dar conta tranquilamente do conjunto básico para se fazer uma música: harmonia, melodia e percussão.

Os dois violões fazem a parte harmônica do show, mas também são usados de forma muito eficaz melodicamente com os solos de Lendecker, um eterno estudioso da guitarra. A melodia não fica limitada apenas aos vocais do duo. A gaita de Gessinger também é um espetáculo a parte. Para completar eles fazer a percussão com os pés, seja com uma meia-lua ou com um bumbo, sempre tocados simultaneamente na música.

A turnê de lançamento do DVD ao vivo da “banda de dois” chega ao Paraná este mês. Toledo (no dia 23/04) e Cascavel (dia 24/04) são os primeiros locais a receber o Pouca Vogal. Algumas músicas podem ser baixadas no site http://www.poucavogal.com.br/. Isto prova que Gessinger e Lendecker não querem simplesmente vender CD's, algo que novamente os diferencia das duplas do Brasil.

Ano que vem os integrantes do Pouca Vocal voltarão a trabalhar com as suas bandas: Engenheiros do Hawaí e Cidadão Quem. Com isso, o Pouca Vogal é uma rara oportunidade de ser ver e ouvir duas pessoas que conseguem fazer em dupla algo que não lembre a velha e ruim dor de cotovelo da música sertaneja. Afinal, músicas com muitas vogais nunca tem muito a dizer.

Resenha escrita para a disciplina de Jornalismo opinativo na UEPG em 2010

A informação que transcende a web

A mídia realmente está mudando. A prova que a internet está cada vez mais forte perante os outros meios de comunicação é o caso do aluno da Universidade Estadual de Ponta Grossa que escreveu um texto sobre um programa de TV. Lucas Waricoda jamais imaginava que conseguiria tanta repercussão com seu despretensioso texto.

Para quem não conhece, o blog Crítica de Ponta é atualizado semanalmente há mais de um ano por alunos da UEPG, que sob a coordenação do professor Sérgio Gadini, fazem análises de diversos assuntos que envolvem a mídia nos Campos Gerais. Com um intuito de expor o trabalho acadêmico dos estudantes, o Crítica de Ponta foi para o ar. E ninguém esperava que o blog saísse das fronteiras da universidade. Afinal, os trabalhos são feitos por jornalistas em fase de formação.

Não esperava, mas aconteceu. Uma crítica sobre o programa RP2, do canal a cabo ponta grossense TV Vila Velha, foi o suficiente para fazer Waricoda ganhar repercussão, não só em Ponta Grossa, como no país. O texto apontando alguns defeitos no programa fez o apresentador Zeca perder a paciência. Na tática da melhor defesa é o ataque, ele atacou o garoto.

Acostumado a lidar com casos policiais e sempre expor a opinião diante criminosos, Zeca resolveu xingar Lucas. “Filho de uma égua (sic)” foi algum dos xingamentos mais leves. Faltou discernimento ao apresentador, que tem certo prestígio em Ponta Grossa, mas botou tudo a perder agora. Falar mal de um estudante universitário tal como estivesse falando de um bandido sem se preocupar com a reação da opinião pública foi o grande erro de Zeca. Ele não imagina que estava mexendo com gente muito maior que os ladrões que ele apresenta no RP2.

O caso estourou. Toda a mídia do Brasil está de olho no caso. O programa de Zeca já foi tirado do ar. Ele que disse que os alunos não tinham dinheiro para comprar um espaço na TV a cabo agora não tem permissão para ocupar o espaço. Vitória da internet sobre a TV. Zeca ainda tem uma saída: pode criar um blog. Quem sabe assim, ele saberá o poder que tem a internet. Aliás, ele já sabe. A internet pode derrubar presidentes. E também apresentadores sensacionalistas que acham que quem está na TV pode tudo.

Texto escrito para a disciplina de Jornalismo opinativo na UEPG em 2010

O fim de um parto no fim de um mandato

Após uma espera gigantesca, o Hospital Regional de Ponta Grossa está inaugurado. No último dia 31 de março ele foi batizado com o nome de Wallace Thadeu de Mello e Silva, uma homenagem ao pai do atual Governador do Estado, Roberto Requião. Este “batizado” deixa bem claro com que ficará os créditos de toda a obra. Só para lembrar, este foi o último ato de Requião como “Rei do Paraná”.

Mas porque logo no último dia de mandato é que foi inaugurada a tão falada obra? Os mais inocentes dirão que as obras foram feitas de forma caprichada e que isto obviamente pede tempo. Já outros (mais cândidos ainda ou muito safos) falarão que foi mera coincidência. Porém, a maioria acostumada com a malandragem das velhas raposas da política (cita-se Requião, Pessuti e no nosso querido Joce) dirá que a resposta para esta pergunta está no dia 3 de Outubro.
Requião quer deixar o reino do Paraná para entrar no reino de Brasília. Primeiro como Senador, mas com certeza a cadeira que é ocupada por Lula é invejada pelo agora Ex-Governador. O Hospital Regional é o fecho com chave de ouro de um mandato que foi marcado por algumas cenas pitorescas como a queda de um palanque e uma ofensa aos gays. Ou melhor, o HR é um trampolim para conquistar eleitores, principalmente dos Campos Gerais.

Politicamente já está tudo feito. Só há duas questões na qual queria que o leitor me ajudasse a refletir. Pensem comigo: Se o nome do Hospital Regional é Wallace Thadeu de Mello e ele é o pai de Roberto Requião, mas Roberto Requião vai se autoproclamar pai do Hospital, quer dizer que Roberto Requião é pai de Wallace Thadeu de Mello, seu próprio pai?

Tem outra questão que é um pouco mais complicada e muito mais importante que esta. Quando que a população dos Campos Gerais vai poder usufruir de verdade do Hospital Regional? 

Texto escrito para a disciplina de Jornalismo opinativo na UEPG em 2010

5 de abril de 2010

Crise faz dekassegui mudar hábitos de consumo

Brasileiros reaprendem a economizar com a queda dos salários no Japão
 
O alto nível salarial do Japão é um dos principais motivos que levam os brasileiros a trabalharem no outro lado do mundo. Porém, devido a forte crise que afetou o país e a concorrência da mão de obra de imigrantes de outros lugares da Ásia, esta realidade tem mudado. Com um menor salário pago por hora e diminuição de horas extras, os rendimentos dos dekasseguis no fim do mês têm ficado cada vez menores.

Com a queda salarial, os dekasseguis se veem obrigados a pensar em uma mudança nos hábitos de consumo. Até pouco tempo atrás era comum ver os brasileiros gastando muito com carros, refeições fora de casa, viagens e ainda sim conseguindo juntar dinheiro. A crise fez os imigrantes reaprenderem a economizar como se estivessem no Brasil.

Como os dekasseguis economizaram no auge da crise

Assim que o Japão entrou em recessão, a fábrica que Mário Goto trabalha na cidade de Yatomi (Aichi) reduziu o salário dos funcionários de 1200 para mil ienes por hora. As horas extras também foram cortadas. “Trabalhávamos onze horas por dia de segunda a sábado nos dois turnos. Com a crise, acabou a hora extra, trabalhávamos de segunda a quinta-feira e quem estava no noturno só fazia cinco horas de jornada”, fala Goto.

Mário conseguiu se manter no Japão graças ao cortes de gastos que fez. “Nunca fui de esbanjar muito, mas tive que economizar mesmo. Uma coisa que procurei fazer foi andar mais de bicicleta. Além de poupar combustível, me ajudava na saúde”, conta Goto. Neste mês as horas extras voltaram, mas ele não é muito otimista quanto ao futuro no Japão: “A tendência é ir piorando, pelo menos para os brasileiros”.

A aromaterapeuta Kátia Sakugawa sentiu na pele a queda no consumo dos dekasseguis. Com um negócio voltado aos brasileiros, ela diz que os rendimentos caíram mais de 50%: “As pessoas não tem dinheiro nem para comer, quanto mais para cuidar da saúde. Os clientes sumiram. Alunos de cursos nem se fala. Até os mais antigos não faziam mais as sessões de aromaterapia, apenas compravam produtos.”, diz Kátia.

A alternativa da aromaterapeuta foi entregar o apartamento que morava sozinha para voltar a morar com os pais. “Meus pais tinham uma hortinha e dela tirávamos uma parte do nosso alimento. Deus nos abençoou”, explica Kátia. Atualmente, ela está morando com a cunhada e tem esperanças que a situação melhore: “Pior do que estava não tem como ficar”.

A recessão como aprendizado para o futuro

Pouco antes do Japão entrar em crise Priscila Kiguti planejava viajar para a França com o seu marido. Com a vida estabilizada na terra do sol nascente, o casal gastava bastante. “Quando chegamos ao Japão, nós sempre pensávamos em guardar dinheiro. Mas para sair da rotina apartamento-fábrica resolvemos viver mais e começamos a gastar mais”, afirma Kiguti.

Viagens, carros, roupas novas e jantares fora de casa faziam parte da rotina do casal. Até que Priscila teve uma redução de 100 mil ienes no salário. “Nunca imaginávamos que viria uma crise como esta”, conta Priscila. Ela se diz feliz pela tão sonhada viagem para a França não ter sido feita. “Seria um rombo nas nossas despesas”, diz Priscila.

Os hábitos dela e do marido mudaram completamente com a redução salarial. Em vez de ir a restaurantes passaram a cozinhar em casa. As roupas passaram a ser lavadas com a água do ofurô. Gastos como telefone também foram reduzidos. E as compras, antes normais, foram cortadas. “Gastávamos 400 mil ienes por mês. Agora dá para passar com 250 mil. Aprendemos a economizar”, diz Priscila.

Carlos Ishigaki, que trabalha em uma empresa que coloca brasileiros no mercado de trabalho japonês, diz que o futuro em relação ao salário é incerto. “Vai depender do andamento da crise e da demanda por mão de obra”, fala Ishigaki. Seja qual for o futuro uma coisa é certa. Com crise ou não, o aprendizado econômico que Priscila, Mário e Kátia tiveram na crise ainda os ajudarão muito na terra do sol nascente.

A crise em números

36800 ienes = É quanto perde por mês um trabalhador que teve redução de 200 ienes do salário por hora.
*34500 ienes= É quanto perde por mês um trabalhador que perdeu uma hora extra por dia.
*48000 ienes= É quanto perde por mês um trabalhador que deixa de trabalhar aos sábados.
*Salário base 1200 ienes/hora

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

Ex-dekasseguis apostam em futuro na terra natal

Após receberem ajuda de retorno, imigrantes depositam esperanças em nova vida no Brasil
Criada no auge da crise financeira mundial, a ajuda de retorno do governo japonês (Kikoku Shien) proporcionou a volta para casa de muitos brasileiros que estavam desempregados na terra do sol nascente. Porém, quem aceitou receber os 300 mil ienes terá que ficar três anos sem retornar ao Japão. Esta condição gerou dúvidas em muitos dekasseguis, mas alguns aceitaram o dinheiro e a missão de se readaptar, recomeçar uma nova carreira profissional e retomar a vida no Brasil.

Sem a perspectiva de trabalhar no Japão pelos próximos três anos, os ex-dekasseguis que receberam o benefício do governo japonês têm agora um desafio pela frente. Buscar recomeçar a vida no Brasil não é uma tarefa fácil para quem viveu por muitos anos no outro lado do mundo. O dinheiro recebido no auxílio está ajudando neste reinício, mas as incertezas sobre o que fazer na terra natal são muitas para os ex-imigrantes. (se a reportagem ficar muito grande, corte este parágrafo)

A volta ao mercado de trabalho

Quando o governo japonês anunciou que iria ajudar os dekasseguis a voltarem para casa, Viviane Chinem já estava a seis meses desempregada e sem perspectiva de trabalho. “Meu marido até arranjou emprego, mas não há como sustentar uma família apenas com um salário e sem hora extra”, diz Viviane. Ela,  o marido Jéferson e a filha Jenyfer retornaram ao Brasil em julho do ano passado.

Com o dinheiro ganho do benefício, o casal decidiu abrir uma barraca de caldo de cana e água de coco em São José dos Campos/SP. “Ainda não estamos tendo muito lucro. Mas todo empreendimento no início é difícil e a barraca é um negócio rentável para quem investe”, conta Viviane. Apesar de gostar da vida no Japão, ela diz que pretende ficar no Brasil mesmo após o prazo de três anos terminar.

Eiko Watanabe voltou em dezembro do Japão e não ficou nem um mês desempregada. Começou a trabalhar em uma empresa de decoração de festas. “Para quem diz que não há emprego no Brasil eu sou a prova que emprego tem. Só é preciso ter força de vontade e perseverança”, diz Eiko. Ela fala que quer retornar para a terra do sol nascente apenas para passeio. “Eu digo uma coisa. Para tomar uma decisão desta tem que ter opinião. Voltar para casa e não se arrepender”, afirma Eiko.

Viviane e Eiko acreditam que o dinheiro do governo japonês foi bem vindo, mas sabem que se acostumar a nova realidade financeira do Brasil é um grande desafio. “Chegamos no natal aqui. Mesmo assim tivemos que poupar. Trocamos a ceia por um curso de segurança para meu marido”, conta Eiko. Viviane diz que tem que se segurar. “Aqui não dá para comprar tudo que se vê pela frente, como no Japão”, explica Viviane. (se a reportagem ficar muito grande, corte este parágrafo)

A espera do benefício

 Flávia Yamada e seus três filhos chegaram no Brasil no dia 14 de Fevereiro. Ela morava há 18 anos na terra do sol nascente e estava sem trabalhar há 1 ano e 3 meses. Como ainda não recebeu o  kikoku shien, ela está morando na casa de uma amiga em Araçatuba/SP. Com o dinheiro do benefício, ela espera dar entrada em uma casa própria e não quer mais voltar para o Japão. “Quero criar meus filhos aqui. Lá a gente vai ser sempre tratado como estrangeiro”, afirma Flávia.

Ela diz não ter medo da realidade brasileira. “O problema de muitos é que vem para cá com a cabeça lá. Claro que eu ainda tenho que me acostumar um pouco porque foram quase 20 anos no exterior”, afirma Flávia.  Ela conta que não tem muitos planos, quer apenas levar uma vida normal em sua terra natal. “Tem muitos brasileiros que só estão comendo arroz e feijão no Japão. Por que não viver assim aqui?”, fala  Flávia.

 O benefício do governo japonês que ajudou Viviane, Eiko e Flávia a recomeçarem a vida no Brasil tem prazo para acabar. Os imigrantes que estão no Japão terão até o dia 5 de março para fazer o requerimento da ajuda do governo e deverão viajar até o dia 31 de maio. Desde o início do benefício (em abril) até o final do mês de dezembro do ano passado, 17.449 dekasseguis receberam o  kikoku shien (se puder atualizar estes dados melhor ainda)  e apostaram no futuro em seus países de origem.

Reportagem publicada nos jornais Nippo-Brasil e Internacional Press em 2010
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