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17 de maio de 2010

A mãe que é um exemplo de força e superação

Após a perda dos filhos por causa de doença rara, Michelle busca um novo começo

Dizem que a pior dor que uma pessoa pode enfrentar é a de perder um filho. E o que dizer quando se perde dois filhos? E como se recuperar quando se perde os filhos por causa de uma doença raríssima? A história de superação e força de Michelle Pires é um exemplo para todas as mães nesta data especial. Após anos de luta tentando salvar os filhos, ela ainda se recupera das perdas.

Dois dos três filhos de Michelle morreram em consequência de Leucodistrofia Metacromática, doença degenerativa que atinge o sistema nervoso do ser humano. O drama de Michelle começou em 2002 quando percebeu que a filha Stéfani (então com 1 ano) tinha dificuldades para andar. “Ela tinha moleza no corpo e sofria pneumonias facilmente. O pior é que só depois de 6 meses que descobriram a doença”, diz Michelle.

O tratamento da pequena Stéfani era caro e as esperanças eram pequenas. Para arcar com os gastos, Michelle e o marido Pablo foram para o Japão em 2003. Michelle conta que o dia do embarque foi muito difícil. “Minha filha perguntava porque eu estava chorando. De uma forma, eu sabia que era a última vez que eu via ela”, relembra Michelle. 

Seis meses após a viagem da mãe, Stéfani ficou tetraplégica. A distância só aumentava a angústia, mas Michelle e Pablo não podiam voltar porque os gastos com a doença da filha eram cada vez maiores. “Ela passou a depender de uma mini-UTI em casa”, conta Michelle. Nesta época, Stéfani parou de falar. O contato entre mãe e filha se dava apenas pela webcam na internet.

Em 2006, Michelle pensou em voltar para o Brasil, mas a situação não deixou. Ela descobriu que estava grávida de Davi e o marido Pablo havia sofrido um acidente no trabalho que o obrigou a ficar em casa. “Mesmo grávida, tive que trabalhar. Nesta época a gente chegou a catar lixo eletrônico para vender no Brasil”, fala Michelle. O casal também contou com a ajuda de amigos na época.

Porém, o pior ainda estava por vir. Davi começou a apresentar os sintomas da doença. A Leucodistrofia Metacromática foi descoberta em novembro de 2007. Um mês depois Stéfani faleceu no Brasil. O choque da doença do filho se mesclou com o da perda da filha. Mesmo chorando a morte de Stéfani, Michelle teve que buscar forças para o tratamento do filho.

Como a doença foi diagnosticada em fase inicial ainda havia a chance de cura com a doação de medula óssea. Após algum tempo, um doador foi encontrado no Brasil. Michele e Pablo deixaram todos os pertences no Japão e voltaram com a passagem paga pelo Consulado Brasileiro no Japão. Porém, quando foi feito um segundo exame com a medula que iria ser doada, descobriu-se que era incompatível com a de Davi.

Michelle recorreu ao Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer. No Graac ela conseguiu finalmente a doação para o filho. Infelizmente, Davi não resistiu o transplante. “No caso da Stéfani tudo aconteceu longe de mim. Já no do Davi quis ficar com ele até o último momento. Ele morreu nos meus braços, enquanto eu cantava uma canção para ele dormir. É muito triste lembrar”, afirma a mãe.

Tudo aconteceu há pouco mais de um ano e Michelle ainda sofre com a perda dos dois filhos. Michelle, Pablo e a filha mais velha Carolina se mudaram para Londrina-PR em busca de uma vida nova. É justamente em Carolina que a mãe tenta se agarrar. A filha de 9 anos não tem riscos de ter a doença, mas sofreu muito com o drama dos irmãos. “Tenho a missão de educá-la. Ela precisa muito do meu carinho”, fala Michele.

Outro desejo de Michele é o de ser médica. Ela está estudando para isto. “Eu vivi o dia a dia do hospital. Eu já era apaixonada por medicina, mas agora tenho um motivo a mais para entrar na profissão. Quero fazer isso em nome da memória dos meus filhos. Acho que é o melhor presente que posso dar a eles”, conta a mãe que é um exemplo de que não há limites quando se trata de amor aos filhos.

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

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