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4 de fevereiro de 2009

Poeta flana e exprime emoções

"Todas as coisas têm seu mistério, e a poesia é o mistério que todas as coisas têm". É com essa frase do poeta espanhol García Lorca que inicio esse texto, por sinal o meu primeiro de 2009 no H&R. Nada melhor para retomar os trabalhos que um banho de poesia! Bem, do latim poiésis significa ação de fazer alguma coisa, entretanto, para muitos, a poesia não tem razão nenhuma, não ajuda, não acrescenta. Quem nunca recebeu uma poesia, mesmo que copiada, não sabe o bem que algumas meras palavras, aparentemente sem nexo ou importância, podem fazer na alma. Sim, digo na alma, porque a poesia é um estado de alma. Poesia é “Inspiração”; “Estado comovido de alma para comunicar entusiasmo lírico ou épico”. Ela, originalmente, está ligada a música. Antigamente, os homens costumavam cantar suas histórias de heróis, amores e morte com passar do tempo essas histórias passaram a ser escritas em versos, com rimas e métricas, nascia então a poesia. Existem hoje, três tipos de poesia, definidos por críticos e estudiosos, são eles: poemas líricos, narrativos e dramáticos. O poema lírico é curto e cheio de pessoalidade, emoção e subjetividade, algo que o poeta vê e descreve. No narrativo é apresentada uma história, com personagens e acontecimentos, são as antigas fábulas e epopéias, este tipo de texto é mais longo. O primeiro valor artístico destacável das narrativas primitivas foi o ritmo, a música da palavra já cantada ou simplesmente articulada. Já o texto dramático está intimamente ligado ao teatro, e poderia ser incluído no gênero narrativo, pois também há personagens e acontecimentos, porém, neste tipo de texto, não é o poeta que exprime uma sensação, que conta uma história e sim seus personagens com suas falas.

Mesmo após grandes revoluções na forma poética e na sociedade o ritmo continua sendo e elemento principal da poesia. Como um amigo, músico, me contou, é impossível um bom músico não gostar de poesia. Walter Pater disse: "Todas as artes aspiram à condição de música”. Muitos tentaram entender a poesia, a sua essência, contudo, não obtiveram êxito completo, não conseguiram articular como as diversas formas de cantar o amor e as guerras de modo tão emocionante funcionam na mente humana. Amor, ódio, tristeza e alegria, são companheiros do ser humano. Leia e “ouça” bem, do SER humano. E talvez por isso, seja impossível fazer com que cálculos matemáticos, estudos aprofundados sobre o comportamento dos indivíduos e toda forma de ciência, entendam o que se passa entre nosso cérebro e uma folha de papel com “rabiscos sincronizados," chamados de poesia. Goethe sempre considerou a poesia como impossível de ser analisada, por se tratar de algo demoníaco, já o ensaísta brasileiro, Júlio Braga, procurou situar a essência poética no trabalho Conceituação Dual do Conhecimento. Para ele, a poesia é uma arte gráfica, assentada num suporte neutro. Ao dividir todas as expressões artísticas em gráficas e poéticas, salienta a natureza dual dessa divisão e conclui: "Uma vez descoberta a essência da linguagem gráfica, ela reencontra seu instrumento autêntico, a palavra, com toda a sua extensão para o logos: verbal, escrita, visual, mímica, prática, filosófica, épica, dramática, coreográfica, mitogênica, cosmogônica, etc".

É constante na poética o fator épico, como na obra de Homero, contudo a poesia também foi usada para questionar, para “lutar” e mostrar ao mundo, de forma, por vezes, cruel, as misérias de uma sociedade saturada de modismos. Cecília Meirelles em seu poema intitulado “motivo” faz uma das melhores descrições do que é SER um poeta.

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias no vento.

Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou se desfaço,

- Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.

Encerro esse texto com um belo poema, do melhor entre os melhores (isso é extremamente pessoal): Fernando Pessoa

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis (heterônimo de Fernando Pessoa) - 14/2/1933

Congratulações amigos, e até a próxima!!

2 comentários:

o Autor. disse...

Nada mais sofisticado e belo do que uma poesia. E eu ainda penso como Pessoa em Autopsicografia:

"O Poeta é um fingidor,
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor,
a dor que deveras sente."

Ah!como a vida seria fosca e cinza sem a arte poética! A poesia está dentro de todos nós. A poesia é essência do Homem.Assim como - nao posso dizer impossível, mas sim improvável - é raro alguém que não goste de música.
Mesmo negando, a poesia penetra por nossos ouvidos como mel, e até o mais carrancudo se deleita com um belo poema!
Bravo!
Um Ode a poesia!E que ela não seja esquecida entre as novas gerações, fadadas a uma nova época de trevas e desistímulo artístico.

Um belo texto Gê!
Um beijo!

Joana disse...

Passe pelo meu blog http://ideiaespirita.blogspot.com
Tem um presentinho para si.

Um abraço
Joana

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