
O cenário poderia ser bem diferente. Primeiro precisamos analisar o embate político no primeiro turno. Como muito devem ter notado, os três candidatos que tomaram a dianteira fecharam um “círculo de ataque”: Jocelito Canto (PTB-14) atacava o candidato Pedro Wosgrau Filho (PSDB-45), quase sempre através de acusações de que ele gasta muito dinheiro público e de que quase todas as obras que ele cita como sendo suas foram iniciadas no dois últimos mandatos (sendo que um desses mandatos era dele próprio); já o candidato Wosgrau atacava Sandro Alex (PPS-23) sob o argumento de que o candidato fazia chacota da cidade em seu programa de rádio na Múndi FM; e Sandro Alex alegava que Ponta Grosa necessita de todos os quatro deputados da cidade na câmara, e que se Jocelito fosse eleito a vaga iria para Umuarama. Como visto, Joce não quis apoiar Sandro devido às acusações feitas por ele previamente e nem Pedro por causa de suas próprias acusações. Mas se os 598 votos que Sandro Alex teve a mais fossem para Jocelito e o segundo turno fosse uma disputa entre os candidatos do PTB e do PSDB, o cenário seria diferente: ao contrário de Jocelito, Sandro provavelmente tomaria posição a favor de Wosgrau, já que ele nunca atacou o atual prefeito, e Pedro nunca o atacou diretamente, sempre se referindo a “certas pessoas que satirizam e fazem chacota da cidade em programas de rádio”, sendo que ele poderia “se desculpar” dizendo que o comentário havia sido para Jocelito, já que este também é radialista. Já o resultado do segundo turno seria tão imprevisível quanto o atual, já que os debates e horários políticos se assemelhariam ao de São Paulo, por serem dois candidatos que já passaram pelo veículo público, e assim como na maior cidade do país, as discussões seriam na base da comparação, apontando o que havia de melhor em sua administração e o que havia de pior na do adversário.

A situação poderia tomar três caminhos totalmente diferente. O que com certeza aconteceria é que Jocelito Canto, como o bom Maluf princesino que é, imediatamente se retrataria com o candidato Pedro Wosgrau. A bifurcação da situação surge na decisão do prefeito: se ele “desculpasse” o antigo adversário, as chances de Sandro ficariam bem menores, mas com algum esforço poderia se igualar ao candidato do PTB e o resultado seria imprevisível como no segundo turno real. Agora se ele não aceitasse a retratação do tio Joce e apoiasse o Sandrinho, com certeza a candidatura desse último alçaria vôos mais altos e deixaria o Joce no chinelo. Agora se o Wosgrau Filho permanecesse neutro, Joce poderia ter vantagem contra Sandro Alex por contar com mais popularidade e, mesmo ambos sendo da mesma profissão, Jocelito parece contar com mais prestígio e se admitisse que o candidato não era tão insignificante quanto apontavam as pesquisas e não o subestimasse novamente, com certeza conseguiria abrir uma pequena vantagem sobre o jovem radialista.
Se ao invés de 39,44%, o atual prefeito tivesse mais de 50%, o cenário político não mudaria muito. Se Jocelito Canto continuasse em terceiro, ele manteria a idéia de “se aposentar” da vida política; mas se fiasse com o segundo lugar, provavelmente relançaria sua candidatura de deputado estadual (apesar de que as chances disso ocorrer mesmo não estão totalmente eliminadas, afinal ele é o Maluf ponta-grossense: espere tudo dele, baby). Se o candidato Sandro estivesse em terceiro, isso poderia abalar suas estruturas políticas e nas eleições municipais de 2012 o candidato seria seu irmão Marcelo Rangel, por contar com uma situação política mais estabelecida; porém, se permanecesse em segundo como agora, ele certamente relançaria sua candidatura nas próximas eleições municipais ou talvez como deputado no lugar de seu irmão Marcelo e deixaria que este se candidatasse a prefeito.

Isso abre um novo leque de possibilidades eleitorais. Se o deputado estadual Péricles (PT) poderia se igualar ao novato Sandro Alex e retirar muitos votos deste, deixando um segundo turno entre Jocelito e Wosgrau mais fácil de ocorrer. Mas também poderia ser que pela mesma situação (deputado estadual, ex-prefeito e constantemente acusado por fatos nas gestões anteriores), o petista se igualaria com Jocelito, deixando o segundo turno como está hoje ou, quem sabe, numa vitória de Wosgrau no primeiro turno. Ainda haveria a possibilidade de ambas situações anteriores ocorressem, e os candidatos do PT, PTB e PPS se igualariam, deixando que Wosgrau brilhasse mais facilmente e ganhasse o primeiro turno ou, muito dificilmente mas não impossivelmente, um segundo turno entre o candidato do PSDB e qualquer um dos três candidatos (impossível de prever qual deles). E outro fato seria o de que Gerveson Tramontin Silveira (sei lá se escrevi o nome dele certo) se recandidataria a vereador pelo PT e possivelmente seria eleito ao lado da professora Ana Maria de Holleben.


Muito, muito improvável. Muito. Muito mesmo. Mas como tudo é possível (já diz a Eliana), vamos supor que as pesquisas estivessem totalmente erradas (ou de ponta-cabeça) ou que um atentado terroristas matasse os outros quatro candidatos; o cenário político seria entre os candidatos Lauro Padilha (PV) e João Luiz Stefaniak (PSOL). Dentre os seis partidos da disputa à prefeitura, estes dois são os mais novos, principalmente o PSOL, como segundo partido mais novo do país. Os candidatos são inversamente proporcionais: Stefaniak aparenta ser um revolucionário-rebelde-socialista que depois de algum tempo adotou medidas conservadoras e se tornou um “respeitável membro da sociedade”, um senhor comum mas que não desistiu da política; já Padilha aparenta justamente o contrário: um senhor comum, “respeitável membro da sociedade” que abraçou uma postura de revolucionário-rebelde-socialista, mas ao invés de aderir ao manto vermelho se dobrou ao verde. Seria uma disputa difícil, mas devido ao aspecto conservador do eleitor ponta-grossense (se analisarmos os dois candidatos atuais, um conservador à moda antiga e o outro, apesar de “novo”, é de certa forma conservador), haveria grandes possibilidades do escolhido ser um pai de família que se tornou revolucionário-rebelde-socialista ao invés de um revolucionário-rebelde-socialista que se tornou pai de família. O escolhido da vez, então, seria Padilha. E finalmente Ponta Grossa teria a sua própria Guarda Montada! Iúúúpiiiiiii!
O QUE ACONTECERIA SE... MAIS GENTE TIVESSE AJUDADO O DAVI (PMDB)?
Se Davi Scheiffer, o fenômeno destas eleições, houvesse angariado mais votos e se elegesse junto, ou mesmo no lugar, de Aline de Almeida César e Dr. Pascoal Adura (os três do PMDB, o mais antigo partido brasileiro), a população princesina estaria mais abismada do que já está. Como já foi muito discutido anteriormente pelo Jornal da Manhã, prefiro não me alongar no assunto. Mas ficaria provado que a humildade venceria as campanhas megalomaniacamente promovidas, que invadem sua privacidade, te obrigam a ouvir jingles e paródias mal-feitos o tempo todo e entopem as ruas da cidade de “santinhos” e panfletos. É, meu filho. Deus que nós ajude.
RAPIDINHAS DO “O QUE ACONTECERIA SE...?”

Não mudaria em nada. Acha que o Freddy Krueger paulistano influencia em alguma coisa? Aliás, influencia sim. Se o carecão tivesse apoiado o cascata-de-suor do Alckmin (reparam nas dele na região das axilas nas próximas aparições públicas do sujeito), poderia até ser que o “Cassaco” tivesse vencido a mamãe do Supla no primeiro turno.

Haveriam duas possibilidades para a solução do tráfico de drogas e da onda de violência no rio: se o Crivela fosse eleito, a Rocinha viraria a Igreja Saxofônica da Rocinha Deus é pai, mano e a venda de drogas seria feita na paz e convertida para a renda da igreja (e conseqüentemente do seu grão-mestre, o Cri-cri); já se o nosso ovacionado Gabeira fosse eleito, a solução seria ainda mais simples: legalize já! Afinal, ninguém iria traficar algo que é legal... iria?
Post scriptum: “Gabeira é mara!”, Seu Ladir sobre Fernando Gabeira.

Seria mais engraçado. Talvez a derrota fosse mais esmagadora para os petistas (nada contra, já fui petista até a alma; e acho que lá no fundo eu ainda sou... $#%*!), mas talvez ela realmente tivesse uma chance. Mas não teve. Perdeu, playboy!
O QUE ACONTECERIA SE... O BETO PRETO (PT) FOSSE O PREFEITO PERFEITO?
Você deveria ter medo. Muito, muito medo. Muito. Muito mesmo. Me dá calafrios só de pensar. É o João!
É, galerinha mais ou menos. Em breve, mais O que aconteceria se...? Talvez sobre política. Talvez não. Depende. Até.
Nathan Zanferrari é estudante do 1º ano de jornalismo, escreve toda terça-feira no H&R e se pergunta o que aconteceria se Pedro Wosgrau Filho encontrasse o seu irmão perdido, Papa Bento XVI.
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