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15 de novembro de 2009

Japoneses comemoram 100 anos de imigração no Brasil

Povo oriental se adaptou à cultura local e ajudou no desenvolvimento do nosso país


Há 100 anos, no dia 18 de Junho de 1908, desembarcava no porto de Santos o navio Kasato-maru, que trazia os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Esses pioneiros, vindo da terra do sol nascente sequer imaginavam o quanto iriam ajudar no desenvolvimento do nosso país e que um século depois deste acontecimento, seus descendentes estariam totalmente integrados à sociedade brasileira.

No início do século passado, o Japão atravessava uma crise na agricultura e sofria com o excesso de mão-de-obra nos grandes centros urbanos; Ao mesmo tempo em que o Brasil estava abrindo espaço para a chegada de imigrantes de diversos países. Japão e Brasil firmaram um acordo para a vinda de mão-de-obra nipônica para o nosso país. No outro lado do mundo, agricultores trocavam suas terras por passagens de navio e na época não pensavam em ficar muito tempo no Brasil. Eles enfrentaram muitas dificuldades no início, acumulavam dívidas impagáveis com os latifundiários e recebiam baixos salários, apesar de trabalharem muito. Na época da segunda guerra mundial, foram declarados inimigos do Brasil e impedidos de falar japonês entre si. Porém, depois do fim da guerra os imigrantes continuaram a vir para ao nosso país e começaram a arrendar terras brasileiras compradas pelo governo japonês. Em 1960, os primeiros imigrantes japoneses chegaram a Ponta Grossa, para administrar fazendas da região. Pouco tempo depois, indústrias nipônicas vieram para os Campos Gerais, trazendo mais imigrantes.

Foi nessa época que a professora de japonês Yoshiko Masui, de 61 anos, veio para Ponta Grossa: “Em 1978, eu vim acompanhando o meu marido, que veio para trabalhar como gerente de uma indústria japonesa aqui da cidade, o contrato durou só um ano, mas não queríamos mais voltar para o Japão. Passamos muitas dificuldades, mas não me arrependo de ter ficado aqui”. Masui trabalha na Associação Nipo-Brasileira de Ponta Grossa, criada por imigrantes em 1978 e que hoje conta com 70 membros efetivos, em sua maioria japonesa ou descendente. Na associação, a cultura japonesa é mantida, respeitada e repassada para não-descendentes que estudam e apreciam animes e mangas (desenhos e revistas em quadrinhos japonesas), música, culinária e artes típicas orientais, como o Origami (dobradura de papel). “Participo de uma entidade filosófica japonesa e estudo japonês. Adoro cultura do Japão e meu sonho é um dia conhecer a terra do sol nascente”, diz Carlos Roberto de Souza, 38 anos, aluno de Masui.

Com o passar dos anos, os Nikkeis (veja quadro), foram para os grandes centros do Brasil e hoje as típicas colônias japonesas no interior são cada vez mais raras, normalmente povoadas pelos imigrantes mais antigos. Os descendentes podem ser considerados mais brasileiros do que japoneses, apesar dos traços orientais. Camila Wada Engelbrecht, 19 anos, estudante diz: “Convivi bastante com a cultura japonesa até os 9 anos, quando meu avô faleceu e minha avó ficou doente. Apesar de não ter muitos hábitos orientais, sinto muita saudade daquela época”. Simone Misutsu, 25 anos, fala: “Tenho uma tia que mora no Japão, mas aqui no Brasil mantemos hábitos japoneses apenas em ocasiões especiais, como por exemplo, na comemoração de ano novo, que costumamos fazer à moda oriental”. Muitos jovens Nipo-brasileiros acabaram fazendo o caminho inverso de seus antepassados e foram ao Japão para trabalhar, normalmente em fábricas de autopeças e produtos eletrônicos.

O centenário da imigração japonesa está sendo marcado por muitas homenagens e comemorações aqui no Brasil, inclusive com a visita do príncipe herdeiro Naruhito ao Brasil. Em Ponta Grossa, a realização de uma grande programação de eventos está marcando esse ano de centenário da imigração japonesa. Tudo para celebrar a amizade entre esses dois povos e mostrar o exemplo dos imigrantes que vieram para cá, lutaram, venceram e ajudaram o Brasil a se desenvolver cultural e economicamente.
 
Reportagem publicada no jornal Diário dos Campos (Ponta Grossa - PR) em 2008

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