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28 de abril de 2010

Mulher, soldadora, mãe e líder de setor

Se aventurar a trabalhar em um lugar longe de casa não é novidade na vida de Manuela Barão. Natural de Bragança Paulista-SP, ela estava morando há seis anos no Japão quando apareceu a oportunidade de trabalho em Pernambuco. Ela e o marido Paulo Bernardes (o casal se conheceu no Japão) estão há dois meses no Estaleiro Atlântico Sul. Para Manuela, o desafio de agora é bem mais fácil do que o enfrentado seis anos atrás.

Na época em que foi para o Japão, Manuela havia acabado de se separar do primeiro marido. Os filhos Thomás e Guilherme, na época com 5 e 4 anos, frutos do casamento terminado, foram junto com ela. Manuela começou a trabalhar com solda para sustentar as crianças. Porém, teve que enfrentar o machismo em uma função dominada por homens. Muitos colegas japoneses achavam que ela não iria aguentar o pesado serviço.

Com a ajuda de Bernardes e motivada pelo salário de 2400 ienes por hora, Manuela superou o trabalho pesado e o preconceito de quem não acreditava nela. O resultado foi compensatório. A larga experiência em soldagem no Japão rendeu não só o emprego como também o cargo de líder no EAS. Esta chance de crescimento profissional fez com que Manuela saísse direto do Japão para Pernambuco. “Lá quem é estrangeiro tem muitos deveres e poucos direitos”, afirma Manuela.

Os filhos também pesaram na decisão da volta. “Ganhava bem lá, mas pensei em vários fatores. No Brasil eles poderão crescer melhor. Vir para cá foi melhor para toda a família”, diz Manuela. Ela pensar em retornar para o oriente, mas só a passeio. “Tenho um carinho especial pelo Japão, mas aqui é meu país e tenho de aproveitar que tudo está dando certo para mim”, fala Manuela.

Ela admite que chegou a ficar medo de ser discriminada no estaleiro por ser mulher, mas logo viu que no Brasil a situação é diferente. “Eu estava receosa com machismo porque vinha para um estado que não conhecia, mas vi que foi a toa. Sou muito respeitada por aqui. Neste quesito o Brasil está cem anos a frente do Japão”, conta Manuela.

Ela nunca havia ido ao Nordeste do Brasil e está se adaptando a alguns detalhes da região. “A forma de falar é diferente. Outro dia fui ao restaurante e ofereceram macaxeira e galeto. Demorei para entender o que era”, fala Manuela. Ela diz que a família está adorando o local e a adaptação é apenas questão de tempo. Afinal para quem teve que morar no Japão sem falar japonês o sotaque do Nordeste é algo fácil de se adaptar.

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

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