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29 de junho de 2008

Viajando em um portal, meu Kasato-Maru. Novembro/2003


Esse mês que estamos passando está sendo bem agitado nas comunidades japonesas aqui no Brasil, com muitas festas de comemoração do centenário da imigração. Com tudo isso, tenho conseguido publicar mais algumas vezes no Diário dos Campos. A primeira reportagem foi no dia 19/06 http://www.diariodoscampos.com.br/index.cfm?noticia_id=121241&secao_id=28&ver_edicao=7229 e a segunda foi no dia 21/06 http://www.diariodoscampos.com.br/index.cfm?noticia_id=121721&secao_id=28&ver_edicao=7231, mas como na história do incêndio, não tem por que eu ficar falando das reportagens aqui e sim vou relembrar uma história do ano de 2003, que foi quando eu entrei no Kasato-maru da minha vida e que muda os meus rumos até hoje. Vou descrever para vocês a minha viagem para o Japão (a primeira delas).Lembro que antes de ir para o Japão escrevi em um papel uma lista de 15 metas que eu deveria cumprir, quando olho para ela no meu caderno dá vontade de dar risada, mas elas descrevem bem como mudei 5 anos depois. Depois de despedir da mãe e da minha irmã, fui para o ônibus com minhas 2 malas de 32 quilos e meu violão velho. Logo que cheguei na minha poltrona, queria dormir, mas a companhias não deixaram. Tive a "sorte" de ter a companhia de um grupo feminino de hip-hop, que não parava de cantar e inventar rimas "incríveis". Na primeira parada, foi mais complicado ainda... Eu estava sossegado em um canto com a cabeça a mil, quando uma das negras style do grupo vem falar comigo:- E aí gatinho, tem um beck pra nóis aí? Respondi que não e ela voltou para as amigas delas com uma cara de decepção. Seguindo a viagem, lá pela altura de Florianópolis, entramos em um engarrafamento causado por um blecaute na ilha. O ônibus ficou parado no mesmo quilômetro por umas 5 horas. Realmente eu vi que estava com muita sorte mesmo, e dá-lhe hip-hop ao vivo para eu escutar... Bem, a primeira viagem que era para ter durado dezesseis horas, acabou durando 22.
Eu tinha que encontrar com o cara da agência na rodoviária de São Paulo, mas quando eu cheguei... Não tinha ninguém lá. Já estava nervoso e com fome, então liguei para a agência e eles falaram que iriam chegar logo e que o atraso do ônibus atrapalhou tudo. O vôo ia ser naquele dia às 7 da noite e já era meio-dia, ou seja, eu não teria tempo para fazer muita coisa. Para ajudar, o cara que veio me buscar tinha esquecido a chave do carro dele no contato (no local da ignição), ficamos sem poder entrar no carro e ainda começou a chover. Depois de algum tempo, chegou um chaveiro e destrancou o carro do cara. Enfim, depois disso pude tomar um banho em um hotel, por que eu não estava cheirando a flores naquele instante e depois soube do roteiro de viagem.Eu iria pegar um avião São Paulo-Paris e iria ficar por 12 horas na cidade-luz, depois iria para Seul na Coréia do Sul e ia ficar mais 3 horas e finalmente chegaria ao Japão. Achei um barato, ia poder dar altas voltas em Paris e tudo mais. Só eu tinha esquecido que não tinha um centavo no bolso, mas isso era detalhe.
Chegando a hora de entrar no avião, me deu uma vontade de não ir embora... E se o avião cai, pensava eu. Para ajudar a ficar pior tinha um menino perguntando para o pai dele tranquilamente: - Papai, e se o avião cair, o que acontece? Deu vontade de responder para o moleque: - SE O AVIÃO CAI VOCÊ MORRE! O avião não caiu, mas decolou... Não vou esquecer a minha primeira experiência com o avião decolando, principalmente quando alcançou o ângulo de uns 150 graus, e o mais estranho que ninguém gritava, mas que eu vi umas dez pessoas se lembrando de Deus e rezando (me incluía nessa contagem). Nesse instante eu dei uma olhada muito carinhosa para um saquinho de papel que estava perto de mim e segurei na mão, mas não vomitei, ufa!Depois da decolagem, só alegria!O avião estava quase vazio, dormi bastante e conversei com uma francesa que tinha cara de atriz. Conversei é exagero, na verdade aprendi que merci bocú (que palavrinha!) é muito obrigado e outras palavras que não consegui memorizar. A comida também era magnífica, estava me sentido tão bem, que por mim o avião nem precisaria pousar. Bem, pelo menos o pouso foi bem mais suave o que a decolagem.
Pronto, cheguei a Paris as 8 da manhã no horário local e estava muito frio, uns -2 graus. Lá encontrei vários dekasseguis que também iriam para o Japão e nos reunimos em um grupo. Depois de um tempo (umas 2 horas) resolvi dar uma volta pelo aeroporto, já que de lá não conseguiria sair. Caminhando por lá, percebi que realmente as pessoas de lá são incríveis. É estranho, mas tudo que os franceses fazem tinha estilo, até a moça que estava varrendo, parecia o fazer em um ritmo coordenado e suave, sem contar o famoso olhar "França", que é fabuloso. Pessoas que possuem esse olhar têm grandes chances de dominar o mundo. Como não tinha muito que fazer por lá, resolvi caminhar por todos os lados do aeroporto, participei de um protesto de metroviários, eu vi a passeata e fui atrás do povo, gritando liberté, egalité, fraternité. Senti-me quase na revolução Francesa, mas depois de um tempo me cansei de ir atrás do bloco do protesto.
Voltei para onde estavam os brasileiros e ataquei uns pacotes de bolacha que eu tinha na mochila, até uma família que também iria para o Japão me chamar para comer e me pagar o almoço. Fiquei abismado, mas naquele instante eu estava conhecendo a solidariedade que os brasileiros têm no exterior. Fui muito ajudado no Japão e também ajudei muita gente, gostaria que aqui as coisas também fossem dessa forma. No troco do almoço, sobrou uma moedinha de 10 cent. de Euro, que virou minha moeda da sorte.
Chegava a hora de ir ao outro avião, agora o rumo era a Coréia. As coisas se complicariam para eu entender o idioma, pois os principais idiomas eram o coreano e o japonês (naquela época eu só sabia falar Arigatô, e com pronúncia errada). Na hora da comida o prato era um tal de Bibimbap. Fui ver o que era, achei a comida muito estranha, até hoje não sei dizer o que era, mas pelo menos tinha um queijinho em um prato separado que me aliviaria a fome. Pena que o "queijo" era é um pedaço de nabo cru. Pelo menos depois disto fiquei sem fome. Na Coréia fiquei mais três horas, mas aí já não tinha forças e nem paciência para andar pelo local, só acabei passando por uma exposição de carros que pareciam ser de outro mundo, mas naquele momento as informações já não eram mais assimiladas. Horas depois, estava no Japão.
Saí da minha casa no domingo de manhã e cheguei ao destino na quinta à noite, com certeza foi bem mais fácil do que as viagens que imigrantes faziam no começo do século passado e duravam meses, mas o sentimento era o mesmo. Vida nova em um lugar novo, com um idioma totalmente diferente, sem conhecer ninguém e pronto para novas aventuras, mas estas já são outras histórias...
Viva o centenário da imigração japonesa no Brasil. Yoshi!

3 comentários:

Unknown disse...

essas "materias" mais descontraídas, são mais a sua cara!! parece até q vejo vc falando!! sua mãe ja leu?? mães ficam com um friozinho a mais na barriga qdo descobrem nossas aventuras por aí... hehehe... saudades de vc... Edgar... Gaucho... Yoshi!! rss... bjs

Edgard Matsuki disse...

Pois é Hiroko, se eu pudesse eu só escrevia desse jeito...kkk. Acho que vc deve imaginar eu falando e movimentando as mãos e etc.Sobre esse dia tive que até omitir algumas coisas por falta de espaço, mas tudo bem...
Quanto a mãe, acho que ela não leu, mas não sei se ela ia se chocar... As histórias dela também muito boas...ahauaau!
Saudades, Obrigado pelo comentário!

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu

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