Em 23 de março de 2008 completaram-se sete anos desde a morte de William “Bill” Denby Hanna. Formado em jornalismo e engenharia, começou a trabalhar na Warner Brothers com 27 anos, fazendo seus primeiros cartoons; quatro anos depois foi para o recém-criado departamento de desenhos animados da MGM. Lá conheceu Joseph Barbera, (24 de março de 1911) que havia abandonado a profissão de banqueiro pela de criador de desenhos. Com o fim do departamento de animação da MGM, eles criaram a HB Productions/Hanna-Barbera Enterprises Cartoon, onde trabalharam por 41 anos.
Vi isso outro dia na TV e pensei: “Putz, os caras trabalharam 60 anos juntos, criaram os desenhos que marcaram a infância de milhões de pessoas no mundo e os caras só falaram esse pouquinho dele?” Fui dar mais uma pesquisada na salvadora da pátria (a internet) e pra tentar descobrir uma coisa: será que eles já ganharam um Oscar? A descoberta foi que a Hanna-Barbera não, mas o Hanna e o Barbera sim! A resposta é simples: antes deles fundarem a própria empresa, nos 20 anos que trabalharam na MGM, eles criaram um dos desenhos que mais receberam Oscar até hoje: Tom e Jerry. Eles conseguiram um total de sete estatuetas da Academia (em 1943, 44, 45, 46, 48, 51 e 52). E os simpáticos gato e rato ainda concorreram a outras seis estatuetas. O problema é que depois que eles criaram a HB Productions eles resolveram investir em outra área que não os curta-metragens para cinema: televisão. Assim, em 14 de dezembro de 1957, ia ao ar na NBC o primeiro episódio de Jambo e Ruivão, na época algo totalmente diferente, já que mostrava um gato e um cachorro como amigos. Eles apostaram tanto no seu talento que apesar das televisões serem todas em preto e branco, eles insistiram em filmar os desenhos em cores, o que facilitou a exibição na posteridade. É por isso que quando você assiste o Ruivão hoje ele é, digamos... ruivo.
Em outubro de 2004 o Guinness premiou a Hanna-Barbera por terem produzido o desenho com mais episódios de todos os tempos: Scooby-Doo, que com 350 superou Os Simpsons por apenas 15. Um mês antes, o canal Boomerang pesquisou na Inglaterra para saber os desenhos prediletos dos telespectadores e entrevistaram mil pessoas entre 25 e 54 anos. O resultado? Surpreendente; no Top 10, seis desenhos pertenciam à HB: Tom e Jerry (1º lugar), Scooby-Doo (2º), Manda-Chuva (4º), Os Flintstones (5º), A Corrida Maluca (9º) e Hong Kong Fu (10º). O fato tem uma explicação bastante lógica: a HB Enterprises Cartoon foi a primeira empresa de animação a embarcar no mercado de desenhos produzidos diretamente para TV. Anteriormente todos eram produzidos para cinema e, posteriormente, algum canal os comprava e exibia. Assim, a Disney (com Mickey e Pato Donald), e a Warner Brothers (quando os musicais Looney Tunes e Merrie Melodies com personagens fofinhos já haviam sido transformados por Chuck Jones em curtas com personagens obsessivos e neuróticos, como Coiote e Papa-Léguas, Pepe Le Pew e Ralph Lobo e Sam Cão Pastor) ficaram no vácuo, produzindo apenas alguns curtas fracassados (a Disney apenas com longas e a Warner com Gato Legal, que era considerado muito “atual” pelos espectadores e apostaram que ele seria esquecido por não ser atemporal, o que de fato aconteceu.) A única concorrente da HB que se adaptou logo a TV foi a DFE – DePatie-FrelengEnterprises (de um antigo desenhista da Warner, Friz Freleng, criador de Gaguinho, Frajola, Eufrazino, Ligeirinho e Vovó) que apesar da excelente equipe de criação só conseguiu emplacar um desenho (A Pantera Cor-de-Rosa). Assim, o caminho ficou livre pra Bill e Joe criarem os principais chavões do mercado de animação e, por que não, quebrar alguns também, já que a Disney e a Warner só foram despertar para o mercado televisivo anos depois, quando a HB já estava consolidada como a maior.
As idéias foram colocar como protagonistas as seis principais categorias: primeiro, as famílias, seja na idade da pedra (Os Flintstones), no futuro (Os Jetsons) ou adaptações dos quadrinhos (A Família Addams); segundo, cachorros, como Scooby-Doo, Mutley, o Magnífico, Rabugento, Bibo Pai e Bóbi Filho, O Xodó da Vovó e o clássico Dom Pixote (1º desenho deles a ser exibido no Brasil); terceiro, os gatos (desde Tom e Jerry) como em Manda-Chuva (Manda-Chuva, Batatinha, Gênio, Xuxu, Bacana e Espeto), ou O Leão da Montanha; quarto, super-heróis, desde fantasiados como Os Impossíveis, Homem-Pássaro e os Os Robobos (versões andróides dos Três Patetas), até heróis sem uniforme como Os Cavaleiros da Arábia, Jonny Quest, Jana das Selvas e os acompanhantes do Godzilla, ou adaptações como o Quarteto Fantástico e A Coisa, ou os Superamigos; quinto, aventuras espaciais como Herculóides, Brasinhas do Espaço, Space Ghost, Galaxy Trio e até A Corrida Espacial; por último, animais diferentes (eles gostavam de um ou outro animal estranho) como os ursos Zé Colméia e a turma do Urso do Cabelo Duro; o cavalo Pepe Legal e seu alter ego a la Zorro, El Cabong; o Esquilo Sem Grilo e a toupeira árabe Moleza; o Tutubarão; o Gorila Maguila; a hiena Hardy; o crocodilo Wally Gator; a Lula Lelé; a Tartaruga Tuchê e o cachorro Dum-Dum. Eles também quebraram tabus, como quando colocaram uma dupla de detetives formada por um gato e um rato em Olho Vivo e Faro Fino ou um herói vindo da Idade da Pedra em Capitão Caverna. Eles tiveram cinco desenhos adaptados para cinema (Os Flintstones, Scooby-Doo e Scooby-Doo 2 e os péssimos Flintstones em Viva Rock Vegas e Josie e as Gatinhas) e mais um em fase de produção (Os Jetsons).
Eles assinaram desde seu primeiro desenho (Jambo e Ruivão, 1957) até seu último (As Meninas Superpoderosas, 1998-hoje e o vídeo Scooby-Doo – Caçada Virtual, 2001). Com a morte de Hanna, Barbera decidiu não mais usar seus nomes nos créditos dos desenhos que ainda são produzidos desde que a empresa foi englobada pela Cartoon Network Studios.
Desta maneira, o mundo hoje usufrui de 8500 desenhos de Hanna-Barbera, com 320 séries, 6855 episódios, produzidos em 41 anos de empresa, o que resulta em 20 horas de desenhos por ano! Isso sem contar os especiais! Mas tudo que é bom acaba e o cara tinha que morrer um dia (mesmo eles terem vendido a empresa pra Cartoon Network antes de Bill falecer). Joe ainda faz pontas em filmes e como dublador de personagens secundários nas Meninas Superpoderosas e outros desenhos. E assim fica a homenagem desse humilde telespectador que, assim como a maior parte de nós, cresceu assistindo os desenhos que saíram da cabeça dessa fantástica dupla.
OS DESENHOS PREDILETOS DOS INGLESES
01 – Tom e Jerry
02 – Scooby-Doo
03 – Danger Mouse
04 – Manda-Chuva
05 – Os Flintstones
06 – Pernalonga
07 – Popeye
08 – Papa-Léguas
09 – A Corrida Maluca
10 – Hong Kong Fu
Vi isso outro dia na TV e pensei: “Putz, os caras trabalharam 60 anos juntos, criaram os desenhos que marcaram a infância de milhões de pessoas no mundo e os caras só falaram esse pouquinho dele?” Fui dar mais uma pesquisada na salvadora da pátria (a internet) e pra tentar descobrir uma coisa: será que eles já ganharam um Oscar? A descoberta foi que a Hanna-Barbera não, mas o Hanna e o Barbera sim! A resposta é simples: antes deles fundarem a própria empresa, nos 20 anos que trabalharam na MGM, eles criaram um dos desenhos que mais receberam Oscar até hoje: Tom e Jerry. Eles conseguiram um total de sete estatuetas da Academia (em 1943, 44, 45, 46, 48, 51 e 52). E os simpáticos gato e rato ainda concorreram a outras seis estatuetas. O problema é que depois que eles criaram a HB Productions eles resolveram investir em outra área que não os curta-metragens para cinema: televisão. Assim, em 14 de dezembro de 1957, ia ao ar na NBC o primeiro episódio de Jambo e Ruivão, na época algo totalmente diferente, já que mostrava um gato e um cachorro como amigos. Eles apostaram tanto no seu talento que apesar das televisões serem todas em preto e branco, eles insistiram em filmar os desenhos em cores, o que facilitou a exibição na posteridade. É por isso que quando você assiste o Ruivão hoje ele é, digamos... ruivo.
Em outubro de 2004 o Guinness premiou a Hanna-Barbera por terem produzido o desenho com mais episódios de todos os tempos: Scooby-Doo, que com 350 superou Os Simpsons por apenas 15. Um mês antes, o canal Boomerang pesquisou na Inglaterra para saber os desenhos prediletos dos telespectadores e entrevistaram mil pessoas entre 25 e 54 anos. O resultado? Surpreendente; no Top 10, seis desenhos pertenciam à HB: Tom e Jerry (1º lugar), Scooby-Doo (2º), Manda-Chuva (4º), Os Flintstones (5º), A Corrida Maluca (9º) e Hong Kong Fu (10º). O fato tem uma explicação bastante lógica: a HB Enterprises Cartoon foi a primeira empresa de animação a embarcar no mercado de desenhos produzidos diretamente para TV. Anteriormente todos eram produzidos para cinema e, posteriormente, algum canal os comprava e exibia. Assim, a Disney (com Mickey e Pato Donald), e a Warner Brothers (quando os musicais Looney Tunes e Merrie Melodies com personagens fofinhos já haviam sido transformados por Chuck Jones em curtas com personagens obsessivos e neuróticos, como Coiote e Papa-Léguas, Pepe Le Pew e Ralph Lobo e Sam Cão Pastor) ficaram no vácuo, produzindo apenas alguns curtas fracassados (a Disney apenas com longas e a Warner com Gato Legal, que era considerado muito “atual” pelos espectadores e apostaram que ele seria esquecido por não ser atemporal, o que de fato aconteceu.) A única concorrente da HB que se adaptou logo a TV foi a DFE – DePatie-FrelengEnterprises (de um antigo desenhista da Warner, Friz Freleng, criador de Gaguinho, Frajola, Eufrazino, Ligeirinho e Vovó) que apesar da excelente equipe de criação só conseguiu emplacar um desenho (A Pantera Cor-de-Rosa). Assim, o caminho ficou livre pra Bill e Joe criarem os principais chavões do mercado de animação e, por que não, quebrar alguns também, já que a Disney e a Warner só foram despertar para o mercado televisivo anos depois, quando a HB já estava consolidada como a maior.
As idéias foram colocar como protagonistas as seis principais categorias: primeiro, as famílias, seja na idade da pedra (Os Flintstones), no futuro (Os Jetsons) ou adaptações dos quadrinhos (A Família Addams); segundo, cachorros, como Scooby-Doo, Mutley, o Magnífico, Rabugento, Bibo Pai e Bóbi Filho, O Xodó da Vovó e o clássico Dom Pixote (1º desenho deles a ser exibido no Brasil); terceiro, os gatos (desde Tom e Jerry) como em Manda-Chuva (Manda-Chuva, Batatinha, Gênio, Xuxu, Bacana e Espeto), ou O Leão da Montanha; quarto, super-heróis, desde fantasiados como Os Impossíveis, Homem-Pássaro e os Os Robobos (versões andróides dos Três Patetas), até heróis sem uniforme como Os Cavaleiros da Arábia, Jonny Quest, Jana das Selvas e os acompanhantes do Godzilla, ou adaptações como o Quarteto Fantástico e A Coisa, ou os Superamigos; quinto, aventuras espaciais como Herculóides, Brasinhas do Espaço, Space Ghost, Galaxy Trio e até A Corrida Espacial; por último, animais diferentes (eles gostavam de um ou outro animal estranho) como os ursos Zé Colméia e a turma do Urso do Cabelo Duro; o cavalo Pepe Legal e seu alter ego a la Zorro, El Cabong; o Esquilo Sem Grilo e a toupeira árabe Moleza; o Tutubarão; o Gorila Maguila; a hiena Hardy; o crocodilo Wally Gator; a Lula Lelé; a Tartaruga Tuchê e o cachorro Dum-Dum. Eles também quebraram tabus, como quando colocaram uma dupla de detetives formada por um gato e um rato em Olho Vivo e Faro Fino ou um herói vindo da Idade da Pedra em Capitão Caverna. Eles tiveram cinco desenhos adaptados para cinema (Os Flintstones, Scooby-Doo e Scooby-Doo 2 e os péssimos Flintstones em Viva Rock Vegas e Josie e as Gatinhas) e mais um em fase de produção (Os Jetsons).
Eles assinaram desde seu primeiro desenho (Jambo e Ruivão, 1957) até seu último (As Meninas Superpoderosas, 1998-hoje e o vídeo Scooby-Doo – Caçada Virtual, 2001). Com a morte de Hanna, Barbera decidiu não mais usar seus nomes nos créditos dos desenhos que ainda são produzidos desde que a empresa foi englobada pela Cartoon Network Studios.
Desta maneira, o mundo hoje usufrui de 8500 desenhos de Hanna-Barbera, com 320 séries, 6855 episódios, produzidos em 41 anos de empresa, o que resulta em 20 horas de desenhos por ano! Isso sem contar os especiais! Mas tudo que é bom acaba e o cara tinha que morrer um dia (mesmo eles terem vendido a empresa pra Cartoon Network antes de Bill falecer). Joe ainda faz pontas em filmes e como dublador de personagens secundários nas Meninas Superpoderosas e outros desenhos. E assim fica a homenagem desse humilde telespectador que, assim como a maior parte de nós, cresceu assistindo os desenhos que saíram da cabeça dessa fantástica dupla.
OS DESENHOS PREDILETOS DOS INGLESES
01 – Tom e Jerry
02 – Scooby-Doo
03 – Danger Mouse
04 – Manda-Chuva
05 – Os Flintstones
06 – Pernalonga
07 – Popeye
08 – Papa-Léguas
09 – A Corrida Maluca
10 – Hong Kong Fu
Nataniel Zanferrari é estudante do primeiro ano de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
4 comentários:
Caraca, esses dois só fizeram a minha infância mais feliz. Só isso!
Boa, Zanza! =P
Me faz pensar que o sucesso de Bill Hanna e Joe Barbera se deve à populariadade de Tom&Jerry, por exemplo... E que a recíproca seja verdadeira! Adorei saber de tudo isso...
E viva Histórias e Rankings! =D
:)
aeee japa!
mto bom o blog!
a fantasia preenche o coração dos que sonham. como BETO CARRERO que preparava para lançar VIRGINIA DE MAURO A LULLY... visitem o YOUTUBE sessão TRAPINHAS
É O MARKETING PERFEITO e o parque voltará a brilhar
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