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3 de setembro de 2008

Anjos dos Infernos

Cabelos ao vento, uma infinita Highway e motos Harley 74. Misturado a isso, muito aventura e confusão. Com sacadas de humor negro e comentários ácidos, Hunter Thompson escreveu o seu primeiro e mais famosos livro – e que levávamos como ícones de Jornalismo Literário e Gonzo jornalismo – chamado de “Hell’s Angels – Medo e Delírio sobre duas rodas”.


Depois de mais de seis meses de busca entre livrarias e sebos, acabei por encontrar um exemplar dando sopa em um site. Mais do que depressa, fiz a encomenda e cinco dias depois lá estava ele em minha casa, em um estado ótimo. Quando abri o pacote, fiquei a me perguntar como é que alguém se livra de uma dessas raridades. Não encontrei nenhuma resposta que me convencesse, mas pouco importava. Eu o tinha em mãos e isso já me bastava muito.


Publicado originalmente em 1966, o livro conta a história de um dos grupos de “motoqueiros” mais conhecidos no mundo que são os Hells Angels. Fundado em 1948, em Fontana, nos Estados Unidos, contam hoje várias sedes espalhadas pelo globo. No Brasil, ele foi fundando em 1974 na cidade do Rio de Janeiro, por um grupo de amigos motociclistas. Ele foi também o primeiro de toda a América Latina. Dez anos depois, já contava com uma sede e estava ligado a rede mundial dos Angels.


Na época em que Thompson publicou a história, este Moto Clube era conhecido como fora-da-lei. Eles não estavam nenhum pouco preocupado com o que as pessoas pensavam deles. Saíam para se divertir em festas movidas a (muita, muita, muita) cerveja, a muito rock e também a muito sexo – e isso chocava porque ia contra a moral e bons costumes de muitos cidadãos.
Por causa do temperamento explosivo, acentuado pelo uso do álcool e algumas vezes das drogas, os Angels arranjavam algumas brigas e encrencas nos lugares que passavam. Como é um grupo unido, valia a máxima de “Um por todos e Todos por Um”. Não importava quem tivesse dado o primeiro ponta-pé. Se um “fora-da-lei” deles fosse provocado, todos iam em cima. Pior para o outro.


Lógico que existiu muita construção midiática dos Hells Angels e muitas vezes, estes motociclistas fizeram bom proveito das oportunidades que tiveram. Aos poucos, porém, perderam-se na essência. Muitos se desvirtuaram e viram na mídia uma forma baixa de promoção – pelos menos, segundo o que está escrito no livro.

O escritor norte-americano, ao conviver por mais de um ano com essa trupe, acaba conseguindo extrair coisas importantes, relacionadas à alma dos Angels. Ele mostra que no fundo, os “caras” só querem curtir a deles, tranquilamente – mesmo que a idéia de apavorar as pessoas os satisfaça e os deixe contentes. O autor também mostra um pouco das diferenças de pessoas que, como eu, só andam de carro. Um motociclista por excelência tem que estar antenado no trânsito mais do que qualquer outra. Nunca se sabe quando um motorista de automóvel vai ter deu instinto assassino desperto.

Vale à pena parar para ler esta preciosidade. Uma mostra clara e evidente que o jornalismo está longe de ser imparcial e objetivo. Uma mostra clara de que é preciso saber contar histórias, de um jeito envolvente e que faça reflexão do que acontece na sociedade.


Para concluir, fica uma das tantas frases a se pensar encontradas no livro de Thompson. “A melhor coisa dos Angels é que nós não mentimos uns para os outros. É claro que isso não vale para quem não é da gangue, porque temos que responder na mesma moeda. Droga, a maioria das pessoas que você conhece não fala a verdade sobre nada” (Zorro, o único Hell’s Angels brasileiro [da época]).



Obs.: maiores informações no site dos Hells Angels do Brasil: http://www.hells-angels.com.br/

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