Nascido como uma tentativa de democratizar o acesso às universidades, o Exame Nacional do Ensino Médio realmente é uma boa ideia. É uma prova que aborda o que é realmente importante para alguém que deseja cursar ensino superior. Sem dúvida, trata-se de um teste que avalia a visão dos estudantes em relação ao mundo e seus conhecimento em relação “as coisas da vida”. E isto é muito mais importante do que pilhas e pilhas de conteúdo teórico.
Um exame unificado quebrou muitos cursinhos pré-vestibulares e com certeza motivou os jovens a ler mais. Neste caso, ler mais significou se aprofundar em jornais e revistas e esquecer um pouco os quilos de livros que eram necessários para se passar no vestibular (em alguns casos ainda é). Na teoria, o Enem é perfeito. É aí que moram os problemas. O Enem não consegue satisfazer na prática as promessas da teoria. E tudo por falta de organização.
Infelizmente, o Inep não tem dado conta das responsabilidades de se fazer uma prova tão importante. Falhas têm ocorrido desde que o exame virou a principal porta de entrada para as universidades públicas. Junte estes problemas com a pressão de muitos setores da sociedade (cita-se cursinhos pré-vestibulares e algumas universidades) e o que temos é uma panela de pressão contra a prova do Enem.
No ano passado foi o vazamento da prova. Este ano são os erros que podem culminar no cancelamento definitivo do exame. E cada vez mais a prova do Enem perde força no cenário nacional. Isto pode resultar dentro de algum tempo na volta dos terríveis (em todos os sentidos possíveis) e burocráticos vestibulares de antigamente. Mas o que fazer para mudar o quadro?
Ao governo, cabe resistir as pressões e tentar manter a prova do Enem ano após ano e fazê-la ganhar força. Cuidar para que erros como este não se repitam. Um Exame Nacional para um país com dimensões continentais é um desafio que merece ser encarado com seriedade. Talvez seja preciso investir mais dinheiro nisso. A população cabe cobrar uma prova segura, mas ao mesmo tempo ter paciência com estes primeiros erros do Enem.
O que não se pode cogitar é o fim do Enem, apesar de isto interessar economicamente algumas pessoas. Conseguir uma prova que trata o jovem como ser humano é um passo muito grande para se retroceder. Não são os primeiros problemas que deverão acabar com este sonho. Só o que não pode acontecer é o erros se repetirem. O Inep já “tomou bomba” duas vezes. A terceira pode significar o fim de um belo projeto.
Texto escrito para a disciplina de Jornalismo Opinativo na UEPG em 2010
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