Com o segundo turno da eleições presidenciais pegando fogo (literalmente), os candidatos a presidência da república tem investido na velha estratégia do corpo a corpo com o eleitor. Dezenas de cidades já receberam José Serra e Dilma Rousseff nos últimos dias. Como é uma das maiores cidades do Brasil, Ponta Grossa não ficou de fora da “festa”. Pelo menos em partes, já que apenas Serra veio a cidade princesina.
A visita do candidato tucano mostra algo que está mais do que claro: Ponta Grossa é uma cidade pintada de azul. O próprio jeito ponta grossense de ser se identifica com a direita. A história e o perfil dos moradores daqui não deixam ninguém mentir em relação a um fato: é difícil encontrar no mapa brasileiro cidade tão conservadora como esta.
Quando se caminha pelas ruas de Ponta Grossa, percebe-se facilmente quem é e quem não é nativo da cidade. Há uma soberba de quem é nativo em relação a “forasteiros”. Isto se reflete no trânsito, na hora de fazer compras e até quando se cumprimenta alguém. Aliás, cumprimentar alguém em Ponta Grossa é uma tarefa arriscadíssima. As chances de se ficar com cara de bobo, “no vácuo” (como diz a gíria) são grandes.
Mas o que isto tem a haver com os ponta grossenses serem de direita? Tudo. Este comportamento dos ponta grossenses se reflete na posição política. Tem-se uma impressão que ainda há medo de uma revolução comunista, de que gays se casem e de que o aborto vire uma prática tão utilizada como uma cirurgia de apendicite. Isto faz o povo daqui ficar sempre ao lado da tríade “Deus, pátria e família”.
Voltar na história explica tanto o comportamento do ponta grossense e como a visão de direita. A cidade foi um dos berços do Integralismo, movimento de extrema direita que derrubou a Intentona Comunista de Luiz Carlos Prestes. Por habitar muitas famílias tradicionais, Ponta Grossa também se mostra conservadora. Sempre há a pergunta: de que família você é?
O resultado deste jeito ponta grossense se refletiu nas urnas. Afinal, José Serra teve o dobro de votos de Dilma. A diferença na cidade promete ser maior no segundo turno, ainda mais com a visita do tucano a Ponta Grossa. Se bem que em uma cidade tão tradicional e conservadora, nem adiantaria Dilma Rousseff vir para cá. Tal como os “forasteiros”, ela provavelmente ia “ficar no vácuo” em Ponta Grossa.
Texto escrito para a disciplina de Jornalismo Opinativo na UEPG em 2010
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