Informações e notícias sobre Rankings. Os melhores, piores, maiores e menores do Brasil e do mundo você encontra no nosso blog.

14 de outubro de 2010

O clarão, o fogo, detalhes e dúvidas


Na parte do livro escrita um ano depois da tragédia, os detalhes da manhã de 5 de agosto são descritas por Hersey através da ótica de Sra. Sasaki, funcionária da empresa de fundição de estanho em Hiroshima; Dr. Fuji, dono de um hospital na cidade; Sra. Nakamura, viúva de um combatente de guerra e que lutava para sustentar os três filhos; O padre alemão Kleinsorge; Dr. Sasaki, que trabalhava como cirurgião mesmo sem ter cursado medicina e o reverendo Tanimoto, pastor de uma igreja da cidade.

Hersey mostra a angústia que todos enfrentaram na hora da bomba e como fizeram para fugir do fogo que destruiu a cidade. A visão usada por Hersey é plural pois mostrou a ótica de pessoas que precisavam de ajuda pois estavam extremamente feridas como a Sra. Nakamura, que quase perdeu a perna na hora da bomba, e de quem pela profissão era obrigado a ajudar como o Dr. Sasaki.

A narrativa dos acontecimentos foi cronológica. Mostrava o que cada pessoa fez no momento da bomba e nas horas seguintes. Hersey mesclou os atos de cada um para dar uma dimensão geral do caos que se passava em Hiroshima. Também ficou bem claro no livro que não se sabia o que havia acontecido. Chegou-se inclusive a cogitar a hipótese que um avião gigante havia jogado gasolina em toda a cidade, hipótese tão absurda quanto a de se lançar uma nova arma destrutiva como a bomba de urânio.

Uma dos trechos mais chocantes da história está na página 22:

“Nesse momento a professora do jardim-de-infância apontou-lhes o Sr. Fukai, o secretário da diocese, que estava de pé junto à janela de seu quarto, no segundo andar, olhando na direção da explosão e chorando... O padre Kleinsorge entrou mais uma vez na casa da missão e, rastejando, subiu a escada, que estava torta e coberta de estuque e ripas; quando chegou à porta do quarto do secretário, chamou-o. O Sr. Fukai, um cinqüentão baixinho, virou-se lentamente e, fitando-o com um olhar estranho, pediu: "Deixe-me aqui". O padre Kleinsorge entrou no quarto, pegou o homenzinho pela gola do paletó e falou: "Venha comigo; do contrário, o senhor vai morrer". "Deixe-me morrer", o outro respondeu... O sacerdote se pôs a empurrá-lo e a arrastá-lo para fora. Então um estudante de teologia apareceu e agarrou o secretário pelos pés, enquanto o padre Kleinsorge o sustentava pelos ombros, e, juntos, os dois o carregaram para baixo e para fora. "Não posso andar!" o sr. Fukai gritava. "Deixem-me aqui!" O padre Kleinsorge pegou a maleta com o dinheiro da missão e colocou o Sr. Fukai nas costas. O grupo começou a afastar-se, rumando para a Praça de Armas Leste, a "área segura" de seu bairro. Ao transpor o portão, o secretário da diocese infantilmente bateu nos ombros do padre Kleinsorge, dizendo: "Não vou. Não vou"... Durante todo o trajeto o Sr. Fukai choramingava: "Deixem-me ficar"... Chegando a um quarteirão de escombros ardentes, os religiosos dobraram à direita. Na ponte Sakai, que deviam cruzar para ir ter à Praça de Armas Leste, constataram que toda a comunidade na margem oposta do rio estava em chamas; assim, decidiram refugiar-se no parque Asano, à esquerda... O padre Kleinsorge começou a cambalear sob o peso de sua carga, que protestava sem parar, e, ao tentar escalar os destroços de várias casas que barravam o acesso ao parque, tropeçou, derrubou o Sr. Fukai e caiu de cabeça na beira do rio. Ao levantar-se, viu o secretário da diocese afastando-se a toda a pressa. "Detenham-no!" gritou para uma dezena de soldados que estavam de pé junto à ponte. Quando subiu para pegar o Sr. Fukai, o superior LaSalle ordenou-lhe: "Depressa! Não perca tempo!". Assim, o padre Kleinsorge pediu aos soldados que cuidassem do secretário. Eles disseram que cuidariam, mas o homenzinho se libertou e afastou-se rapidamente, na direção do fogo; foi a última vez que os padres o viram.”


Este trecho ilustra como foi a narrativa dos acontecimentos de Hiroshima: dramático. Ao mesmo tempo mostra o orgulho do povo japonês, que nem mo momento da morte se curvava, tanto que a última coisa que muitas vítimas de Hiroshima fizeram foi cantar o hino do Japão, mesmo se estivessem queimando em chamas.

E foi mostrando o choro, o orgulho as dúvidas e o sofrimento das vítimas da bomba de Hiroshima, que Hersey conseguiu transformar o orgulho da vitória na guerra em vergonha por um massacre. 
 
Resenha escrita para a disciplina de Redação Jornalística em 2010

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails