Um dos temas menos discutidos na campanha eleitoral para presidente foi cultura. Os principais candidatos da disputa presidencial acabaram centralizando o tempo destinado ao debate público para discutir outras questões, como o aborto. O período eleitoral passou, mas o silêncio em relação aos temas relacionados a área cultura pode trazer consequências por quatro anos.
Ao contrário do que ficou transparecido na campanha presidencial, cultura é (ou deveria) ser um tema de interesse coletivo. Não debater os caminhos e ações que devem ser tomados em relação a área cultural pode fazer o setor se estagnar. Sem debates a respeito, Dilma Rousseff e José Serra acabaram não criando plataformas de Governo com mudanças reais em relação a cultura.
Enquanto Dilma falava em manter o trabalho iniciado no governo de Lula. As propostas estavam fundamentadas em ampliar os programas Mais Cultura, Pontos de Leitura, Pontos de Cultura, todos já existentes no atual Governo. José Serra não fazia sequer isto. Para ele, a plataforma em relação a área cultural estava fundamentada na criação de um evento semelhante a virada cultural de São Paulo.
O problema do período eleitoral é que ambas as plataformas de Governo em relação a cultura passaram batidas. Ninguém debateu se as propostas eram viáveis ou se haveria algo novo a se fazer. Não se falou em destinação de verbas do pré-sal para a cultura e nem das distorções da lei Rouanet, que tem favorecido artistas conhecidos em vez de fomentar a cultura de novos grupos.
O debate eleitoral não teve espaço para a cultura. Apesar de vermos algumas mobilizações em relação a mudanças na área cultural no país, como a instauração do Vale Cultura e a nova Lei Rouanet, fica a sensação de que o setor não pode ficar em segundo plano na campanha eleitoral. Afinal, nenhuma das mudanças foi motivada por causa das eleições ou “debates”. Que o silenciamento não se repita daqui a quatro anos.
Artigo escrito para a disciplina de Políticas da Comunicação na UEPG em 2010
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