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7 de maio de 2009

Era uma vez um homem que comia lixo

Em outubro de 2006, a revista Época publicou uma entrevista com Tristam Stuart, um escritor e ativista ambiental britânico. Por ser contra o desperdício de alimentos, ele simplesmente chama a imprensa para conferir e come o lixo dos supermercados, desde sanduíches até refeições completas, tudo embalado e dentro do prazo de validade.
Como contando assim parece mentira, reproduzo aqui partes da entrevista feita por Francine Lima:

Época – Você realmente come comida do lixo?
Stuart – Com certeza. Mas não é o que você imagina. É uma comida em perfeito estado, dentro de um saco plástico, inteiramente embalado e descartada nos fundos da loja. A única diferença é que não preciso entrar na fila. Faço isso em noticiários de TV para mostrar que não estou falando apenas de alguns sanduíches. São sacos e sacos de comida boa para o consumo. Parece que o Reino Unido é uma nação muito saudável, mas aqui há 4 milhões de pessoas sofrendo da chamada pobreza alimentar. Essas pessoas gastam grande parte da renda com comida e provavelmente não estão comprando tudo o que realmente gostariam. E não estou falando apenas de sem-teto. Há pensionistas de baixa renda. Essas pessoas vão fuçar em latas de lixo nos fundos das lojas para pegar mais comida. É uma situação deplorável.

Época – Qual é o tamanho desse desperdício?
Stuart – Os números variam. Primeiro, os varejistas dizem que isso é um segredo importante para o comércio. Mas também não querem sujar sua imagem pública. Uma das maiores cadeias de supermercados do Reino Unido estima jogar fora 100.000 toneladas de comida por ano. Quem afirmou foi o jornalista John Vidal, do The Guardian. E existe a estimativa do desperdício em toda a cadeia de produção, comércio e consumo em casa, que é de 25% a 70%. Note que esse dado não vem de um ambientalista radical qualquer, mas de Lord Haskins, um dos principais consultores do Departamento de Agricultura britânico e ex presidente da Northen Foods, uma das maiores indústrias de processamento de alimentos do Reino Unido. Se você levar em conta os níveis da fazenda, processamento, varejo e finalmente consumo doméstico, verá que em todos os estágios da cadeia há desperdício.

Época – As empresas, como supermercados, descartam alimentos com prazo de validade vencido por razões de segurança. Se algum consumidor passar mal, vai processar a loja. Essas empresas têm escolha?
Stuart – Elas afirmam que agora estão tentando participar dos esquemas de redistribuição dos alimentos cujo prazo de validade vai expirar. Independentemente disso, as empresas reconhecem uma minúscula fração do que jogam fora. Estão todos usando suas relações públicas. Argumentam pela segurança alimentar. Mas está claro que muito frequentemente a razão por que o comércio não quer doar comida para pessoas pobres é que aí elas não entrarão pela porta da frente para comprar seus produtos.

A entrevista na íntegra está no link

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG75537-6014-440,00.html

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