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19 de junho de 2010

O casamento de um ano perto e dezesseis distantes


A história de Tânia e Paulo Arakaki tinha tudo para ser uma bela história de amor. O casal de conheceu em São Paulo no ano de 1993 e com menos de um ano de namoro decidiram se casar. O matrimônio foi apressado por um motivo: eles iriam juntos para construir a vida no Japão. “Queríamos ir pelo mesmo motivo que leva todos os jovens nikkeis ao Japão: melhorar a vida e construir sonhos”, explica Tânia.

Porém, pouco antes de embarcar para o Japão tudo mudou. Tânia estava grávida de Yukari. Ao mesmo tempo em que realizava o desejo de ser mãe, a gravidez inviabilizou a viagem do casal ao oriente. Antes da criança nascer, Paulo já havia ido para a terra do sol nascente. E assim que ele chegou ao Japão, o amor acabou. Em menos de um ano já haviam perdido contato.

Tânia acha que a situação financeira do Japão mexeu com a cabeça do marido. “Ele passou a ter poder de compra. Acho que não conseguiu lidar com isso. Mas eu me decepcionei demais com na época”, diz Tânia. Segundo ela, Paulo tem um filho de 15 anos no Japão e nunca chegou a conhecer Yukari. “Na verdade ele nunca foi pai dela. Só no papel mesmo. Afinal nunca educou nem ajudou financeiramente”, diz Tânia.

Tânia teve que conciliar o trabalho de professora com a função de mãe. Para ela o mais difícil não foi a questão financeira e sim a ausência na hora de dar educação. Com a ausência de Paulo, ela teve que fazer tudo sozinha. “Criar um filho quando o pai morre já é um trauma. Imagina não sabendo onde ele está e ainda precisando falar bem dele para a filha não se revoltar”, diz Tânia.

Financeiramente, ela lamenta o fato de não poder pagar uma boa escola para a filha. “Ela é muito inteligente e está se esforçando desde já para o vestibular, mas sei que um bom ensino fará falta”, diz Tânia. A professora chegou a entrar na justiça para pedir pensão alimentícia ao marido, mas o processo se arrasta de 2002 até hoje. “Espero que o acordo entre Brasil e Japão saia do papel e ajude a resolver o caso”, afirma Tânia.

Apesar de tudo que passou na criação na filha e judicialmente em relação ao marido, ela se diz de bem com a vida. “Graças a Deus conseguimos superar a ausência do pai”, diz Tânia. Quanto ao amor, diz que tem outro: “Só para variar também é descendente de japoneses”. Afinal, Tânia sabe que não dá para manter um casamento no qual se vive um ano junto e dezesseis separados.

Reportagem publicada no jornal Nippo-Brasil em 2010

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