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29 de novembro de 2009

Sessões da Câmara de Vereadores têm baixa presença de público


As sessões ordinárias da Câmara dos Vereadores de Ponta Grossa ocorrem às segundas e quartas-feiras, a partir das 15h, mas raramente contam com a presença de um grande público. A presença da população na Galeria da Câmara, com 95 assentos, é praticamente nula, como no dia 23 de abril passado, quando apenas uma pessoa se encontrava no local, durante uma das sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Ronda, que apura as denúncias de irregularidades na gestão do prefeito Pedro Wosgrau Filho (PSDB), nas gestões de 2005-2008.

Apesar do diretor do Departamento do Processo Legislativo da Câmara, Miguel Gambassi, afirmar que a média é de 30 pessoas por sessão; jornalistas de Ponta Grossa falam que a média é bem menor. “Geralmente são as mesmas pessoas que vão às sessões da Câmara. No total, uma meia-dúzia, em sua maioria aposentados”, diz o jornalista de política Eduardo Farias. O jornalista Anderson Gonçalves, também fala da pouca presença de público. “Você vê geralmente as mesmas caras na Câmara. No máximo umas 10 pessoas por sessão. Se tivesse mais público, a conduta dos vereadores seria diferente. Têm uns que nem ficam em plenário nas sessões”, afirma Gonçalves.

Para a Vereadora Ana Maria Holleben (PT), questões globais como as das CPIs não atraem muitas pessoas para o plenário por se tratar de assuntos mais genéricos. Ela fala que o público da Câmara cresce quando grupos acompanham assuntos específicos: “O acompanhamento é maior nas questões corporativas. Se há na pauta algo que interesse os funcionários públicos, eles lotam o plenário”, diz a vereadora.

Sessões que prestam homenagens conseguem atrair público para a Câmara Legislativa. A cerimônia do dia 30 de abril, que homenageou o centenário da imigração japonesa no Brasil, lotou o Plenário, com todas as cadeiras da Galeria ocupadas, além de pessoas de pé. Porém, após o término das homenagens, o público deixou o local antes mesmo do início dos trabalhos ordinários dos vereadores. Ana Maria afirma que falta consciência aos ponta-grossenses: “As pessoas ainda não têm a noção de que a suas vidas passa pelas questões que são discutidas na câmara. O dia em que as pessoas terem essa consciência, as coisas mudarão completamente”.

O horário das sessões, a falta de divulgação e o desinteresse político são os principais motivos apontados pelos moradores de Ponta Grossa para não acompanharem os vereadores. “Já fui à Câmara, mas nunca para assistir a uma sessão. Quero ir, mas sempre me esqueço. Acho que falta divulgação da imprensa e dos vereadores, pois quando passa na TV, já aconteceu tudo que deveria acontecer”, afirma a professora Regina Maria dos Santos, que se encontrava na rodoviária. Ela acredita que os próprios vereadores poderiam incentivar a população a se inteirar do que acontece na política da cidade.

A consultora de vendas Neiva da Silva diz que não tem motivação de acompanhar as pautas por não acreditar no que os vereadores falam. “Acho que se não tivesse tantas mentiras, seria bem melhor. A falta de credibilidade afasta as pessoas dos políticos, até porque ninguém quer ficar parada para ouvir histórias”, fala Neiva. Para Gambassi, comportamento como o de Neiva só afastam políticos e população. “O plenário é aberto, as pessoas podem circular e falar com os vereadores. Seria boa a interação, as pessoas veriam as ações boas e ruins dos políticos”, conta o diretor.

A chefa de gabinete do vereador Walter José de Souza, o Valtão (DEM), Selma Hermann, argumenta que os vereadores fazem a parte deles, cabe a população acompanhar. “Não creio que seja função do vereador trazer as pessoas para a Câmara. Falta mesmo é interesse ao povo”, fala Hermann. A própria vereadora Ana Maria discorda da posição da chefa de gabinete: “Para melhorar o público, os vereadores poderiam convocar os seguimentos sociais que eles representam para acompanhar as ações mais de perto. A presença de estudantes também ajudaria a criar uma consciência política nos jovens”, fala Ana Maria.

A TV Imagem (emissora a cabo local) transmite as sessões da Câmara Municipal de Ponta Grossa, mas as TVs Esplanada (Rede Globo) e Educativa, que têm a maior abrangência de público em Ponta Grossa, raramente acompanham e repassam ao público a atuação dos vereadores durante as sessões. O agente de segurança da Câmara, Carlos de Lima, define o que aconteceria se as pessoas fossem macicamente ao plenário: “As pessoas precisam se inteirar do que acontece aqui. Elas ainda não têm a noção que as suas vidas passam pelas questões que são discutidas na câmara. O dia em que terem essa consciência, as coisas mudarão completamente”.





Reportagem publicada no site Portal Comunitário em 2009

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