Esta obrigação ia até a “página oito”. Tanto que a eleição mostrou em seu resultado final um grande número de abstenções. Parece que os brasileiros não estão mesmo muito a fim de “exercer a sua cidadania”, como diriam as publicidades institucionais na mídia.
Voltando a saga do domingo chuvoso de eleições, os eleitores não estavam muito empolgados para votar. Talvez esta falta de empolgação reflita em algumas coisas boas. Parece que o número de campanhas “boca de urna” diminuiu com o passar dos anos. Por outro lado, a falta de “calor nas eleições” pode ser reflexo de candidatos que não levam o povo a fazer campanhas fervorosas.
Minha seção eleitoral fica a exatos 800 quilômetros do local onde estava naquele domingo. Talvez a comodidade e a falta de confiança em políticos me fizeram não querer gastar 300 reais para ir votar. Pior, os mesmo motivos me fizeram nem me interessar em transferir o título de eleitor para Ponta Grossa. Preferi andar 800 metros até a seção mais próxima e justificar.
Chegando ao local, vi uma fila enorme. Fiquei com medo, mas descobri que era apenas para quem queria participar da “festa da democracia”. Não peguei nenhuma fila e em cinco minutos já havia cumprido (parcialmente) o dever de cidadão. Cheguei a refletir se realmente estava fazendo o certo, mas a falta de fila, a distância da seção eleitoral e os próprios candidatos ajudaram a me tranquilizar um pouco.
Mais à noite vi o resultado das eleições. Certifiquei-me que o melhor que fiz foi não votar. Os punks e anarquistas falavam “vote nulo” até algum tempo atrás. Acho que hoje devemos falar: “justifique seu voto”. É rápido, fácil e todos querem que você faça isto. 20% do Brasil já aderiu a campanha.
Crônica escrita para a disciplina de jornalismo opinativo na UEPG em 2010
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