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5 de abril de 2010

Ex-dekasseguis apostam em futuro na terra natal

Após receberem ajuda de retorno, imigrantes depositam esperanças em nova vida no Brasil
Criada no auge da crise financeira mundial, a ajuda de retorno do governo japonês (Kikoku Shien) proporcionou a volta para casa de muitos brasileiros que estavam desempregados na terra do sol nascente. Porém, quem aceitou receber os 300 mil ienes terá que ficar três anos sem retornar ao Japão. Esta condição gerou dúvidas em muitos dekasseguis, mas alguns aceitaram o dinheiro e a missão de se readaptar, recomeçar uma nova carreira profissional e retomar a vida no Brasil.

Sem a perspectiva de trabalhar no Japão pelos próximos três anos, os ex-dekasseguis que receberam o benefício do governo japonês têm agora um desafio pela frente. Buscar recomeçar a vida no Brasil não é uma tarefa fácil para quem viveu por muitos anos no outro lado do mundo. O dinheiro recebido no auxílio está ajudando neste reinício, mas as incertezas sobre o que fazer na terra natal são muitas para os ex-imigrantes. (se a reportagem ficar muito grande, corte este parágrafo)

A volta ao mercado de trabalho

Quando o governo japonês anunciou que iria ajudar os dekasseguis a voltarem para casa, Viviane Chinem já estava a seis meses desempregada e sem perspectiva de trabalho. “Meu marido até arranjou emprego, mas não há como sustentar uma família apenas com um salário e sem hora extra”, diz Viviane. Ela,  o marido Jéferson e a filha Jenyfer retornaram ao Brasil em julho do ano passado.

Com o dinheiro ganho do benefício, o casal decidiu abrir uma barraca de caldo de cana e água de coco em São José dos Campos/SP. “Ainda não estamos tendo muito lucro. Mas todo empreendimento no início é difícil e a barraca é um negócio rentável para quem investe”, conta Viviane. Apesar de gostar da vida no Japão, ela diz que pretende ficar no Brasil mesmo após o prazo de três anos terminar.

Eiko Watanabe voltou em dezembro do Japão e não ficou nem um mês desempregada. Começou a trabalhar em uma empresa de decoração de festas. “Para quem diz que não há emprego no Brasil eu sou a prova que emprego tem. Só é preciso ter força de vontade e perseverança”, diz Eiko. Ela fala que quer retornar para a terra do sol nascente apenas para passeio. “Eu digo uma coisa. Para tomar uma decisão desta tem que ter opinião. Voltar para casa e não se arrepender”, afirma Eiko.

Viviane e Eiko acreditam que o dinheiro do governo japonês foi bem vindo, mas sabem que se acostumar a nova realidade financeira do Brasil é um grande desafio. “Chegamos no natal aqui. Mesmo assim tivemos que poupar. Trocamos a ceia por um curso de segurança para meu marido”, conta Eiko. Viviane diz que tem que se segurar. “Aqui não dá para comprar tudo que se vê pela frente, como no Japão”, explica Viviane. (se a reportagem ficar muito grande, corte este parágrafo)

A espera do benefício

 Flávia Yamada e seus três filhos chegaram no Brasil no dia 14 de Fevereiro. Ela morava há 18 anos na terra do sol nascente e estava sem trabalhar há 1 ano e 3 meses. Como ainda não recebeu o  kikoku shien, ela está morando na casa de uma amiga em Araçatuba/SP. Com o dinheiro do benefício, ela espera dar entrada em uma casa própria e não quer mais voltar para o Japão. “Quero criar meus filhos aqui. Lá a gente vai ser sempre tratado como estrangeiro”, afirma Flávia.

Ela diz não ter medo da realidade brasileira. “O problema de muitos é que vem para cá com a cabeça lá. Claro que eu ainda tenho que me acostumar um pouco porque foram quase 20 anos no exterior”, afirma Flávia.  Ela conta que não tem muitos planos, quer apenas levar uma vida normal em sua terra natal. “Tem muitos brasileiros que só estão comendo arroz e feijão no Japão. Por que não viver assim aqui?”, fala  Flávia.

 O benefício do governo japonês que ajudou Viviane, Eiko e Flávia a recomeçarem a vida no Brasil tem prazo para acabar. Os imigrantes que estão no Japão terão até o dia 5 de março para fazer o requerimento da ajuda do governo e deverão viajar até o dia 31 de maio. Desde o início do benefício (em abril) até o final do mês de dezembro do ano passado, 17.449 dekasseguis receberam o  kikoku shien (se puder atualizar estes dados melhor ainda)  e apostaram no futuro em seus países de origem.

Reportagem publicada nos jornais Nippo-Brasil e Internacional Press em 2010

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